1º ERBAN focou situação do trabalhador bancário diante da crise política e econômica do país

08.05.2015

O encontro reuniu um total de 86 pessoas na Colônia de Férias da Federação, em Caraguatatuba A Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) realizou na última quinta-feira (07), o primeiro de dois Encontros Regionais dos Bancários (ERBAN) previstos para maio deste ano, para discutir […]

O encontro reuniu um total de 86 pessoas na Colônia de Férias da Federação, em Caraguatatuba

A Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) realizou na última quinta-feira (07), o primeiro de dois Encontros Regionais dos Bancários (ERBAN) previstos para maio deste ano, para discutir a situação do trabalhador bancário, o panorama econômico para a luta por melhores salários, segurança e condições de trabalho, visando à preparação para Campanha Nacional.
O encontro reuniu um total de 86 pessoas na Colônia de Férias da Federação, em Caraguatatuba, dirigentes que foram representando os seguintes sindicatos da base da FEEB-SP/MS: Campinas, Guaratinguetá, Lins, Marília, Rio Claro, Santos, São Carlos, São José dos Campos, São José do Rio Preto e Tupã; o segundo ERBAN será realizado no próximo dia 21, também em Caraguatatuba.

Panorama econômico

O evento contou com a apresentação da economista do DIEESE, Vivian Machado, que falou aos presentes sobre a conjuntura econômica. O destaque de sua fala vai para uma evidente contradição: em um ano de recessão, marcado pelo anúncio do governo de cortes em benefícios sociais e previdenciários, como a recém-aprovada MP 665, que amplia o tempo de carência para a requisição do benefício de 06 para 12 meses, os números mostram que os bancos continuam batendo recorde de lucro. De acordo com os dados apresentados pela especialista, toda esta prosperidade das instituições financeiras, que a princípio poderia ser benéfica para o trabalhador bancário, não se reflete no seu bem estar, uma vez que os cortes nos postos de trabalho continuam aumentando (entre dezembro de 2013 e dezembro de 2014, um total de 5.104 postos de trabalho foram extintos) e em março deste ano, a perda da renda real dos trabalhadores registrada em relação ao mesmo período do ano passado, foi de 6%.

De acordo com a análise da especialista, em uma prévia sobre como andam as negociações deste ano, em janeiro e fevereiro os reajustes ficaram em 95,5% e 100%, respectivamente, porém, em março (72%) e abril (75%) este percentual já começa a cair, indicando que os prognósticos para este ano podem não ser muito otimistas.

“Foram 96 negociações, entre janeiro e abril deste ano, sendo 88,5% delas com aumento real; 7,3% reajustaram apenas a inflação e 4,2% ficaram abaixo do INPC. Por mês, se observa que em janeiro 95,5% e em fevereiro 100% dos reajustes obtiveram ganho real, porém em março esse percentual caiu para 72% e em abril para 75%”, explica.

Conjuntura política

O presidente da FEEB-SP/MS e deputado estadual, Davi Zaia saudou os participantes do evento e reforçou a fala da economista, ressaltando as perspectivas de um ano bastante difícil para a categoria dos bancários, fazendo um relato da conjuntura política do país, que também vivencia uma crise neste campo. “Que a crise econômica é séria está bastante evidente. Agrava a situação o fato de que a presidente está sem condições políticas de conduzir o país. Passou a tarefa de gerir e consertar a economia para o Joaquim Levy e da condução política para o Michel Temer. O ajuste econômico que está sendo feito é de responsabilidade do governo, que “terceirizou” para o mercado a gestão da economia e hoje não encontra uma saída viável fora destas medidas ortodoxas que vem adotando”.

Zaia disse ainda achar pouco provável que aconteça uma reforma política profunda, devido à crise política que coloca o governo à margem das negociações pela incapacidade de influenciar e conduzir o país por um caminho viável e também pela ausência de consenso em torno da questão “se fizermos uma votação aqui nesta sala será impossível chegar a um acordo, pois todos temos alguma ideia de mudanças que se fazem necessárias e opiniões das mais variadas. O mais provável é que haja mudanças pontuais, como proibição às coligações para eleições proporcionais e também que se aprove alguma definição sobre financiamento das campanhas: financiamento publico ou o financiamento privado com algum limite”, avalia.

Terceirização

Também o enfrentamento da ampliação da terceirização no país, que tramita no Senado agora com o nome de PLC (Projeto de Lei da Câmara) nº 30/2015, cuja aprovação representa um retrocesso nas conquistas trabalhistas e a precarização das condições de trabalho esteve na pauta do ERBAN. Jeferson Boava, presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região e um dos coordenadores do encontro, responsável pela explanação sobre a tramitação projeto, destacou entre outras coisas, a importância de participar da consulta pública que está sendo realizada no portal e-cidadania, da casa, na qual é possível que a população se manifeste a favor ou contra a aprovação.

João Analdo, outro coordenador do ERBAN, lembrou ainda que aprovação da terceirização sem limites tem impacto direto na segurança do trabalhador e medicina do trabalho.

Levar o debate sobre a terceirização e suas consequências nefastas para o dia-a-dia, fazendo com que outros trabalhadores possam se somar à luta e às mobilizações, dizendo “Não à terceirização!” é outra medida importante para que a causa ganhe a repercussão e a dimensão que merece. A consulta pública está disponível neste link:
(http://www12.senado.gov.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=120928).

Encerramento

Os dirigentes foram reunidos em três grupos: Remuneração, Saúde e Condições de Trabalho e Segurança e o encontro foi encerrado após a apresentação das propostas elaboradas para a melhoria das condições de trabalho da categoria bancária em cada uma destas áreas. Em breve, todas estas propostas serão disponibilizadas para consulta.

 

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