Bradesco acelera o crédito e encurta distância para o Itaú

02.12.2020

Por Carolina Mandl e Filipe Pacheco | De São Paulo | Valor Econômico O Itaú Unibanco continua sendo o maior banco privado brasileiro por volume de ativos. Mas o pódio de presença física nas ruas já ficou para trás. Em número de agências, o Itaú perdeu para o concorrente. O Bradesco encerrou 2011 com 4.634 […]

Por Carolina Mandl e Filipe Pacheco | De São Paulo | Valor Econômico

O Itaú Unibanco continua sendo o maior banco privado brasileiro por volume de ativos. Mas o pódio de presença física nas ruas já ficou para trás. Em número de agências, o Itaú perdeu para o concorrente. O Bradesco encerrou 2011 com 4.634 estabelecimentos, enquanto o Itaú ficou com 4.072 pontos.

Com R$ 851,3 bilhões em ativos, o Itaú ainda está na frente do Bradesco com a vantagem de quase R$ 90 bilhões. Mas essa diferença já foi maior. Levantamento da Economática mostra que o total de ativos do Itaú ficou 11,79% superior àquele do Bradesco. No quarto trimestre de 2008, ano da fusão entre Itaú e Unibanco, a distância era bem maior, de 39,24%.

Envolto em uma fusão monstruosa, o Itaú acabou abrindo espaço para o concorrente pisar mais fundo na liberação de empréstimos e financiamentos. A carteira de crédito do Bradesco cresceu 60,6% de 2008 a 2011, chegando a R$ 345,7 bilhões, enquanto a do Itaú avançou 46%, para R$ 397 bilhões. "Isso tem a ver com o fato de uma integração gerar sobreposição de clientela, sendo que o limite de crédito permanece o mesmo. Além disso, ao cuidar de uma grande fusão, o Itaú ficou meio distraído", disse Mario Pierry, analista do Deustche Bank.

Não foi só em crédito que o Bradesco acelerou mais que o Itaú. A carteira de títulos e valores mobiliários do Bradesco dobrou de 2008 a 2011, para R$ 265,7 bilhões e foi um dos itens do ativo que mais cresceu em 2011, com avanço de 24,4%. No Itaú a carteira de TVM foi de R$ 138,4 bilhões para R$ 187,9 bilhões de 2008 a 2011, com avanço mais modesto de 35% no mesmo período.

Agora, com a integração entre os bancos concluída, a expectativa é que o Itaú volte a galgar mais passos de distância da concorrência no que diz respeito ao crédito. "A mais importante conquista de 2011 foi concluir a integração", afirmou Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, durante entrevista a jornalistas, ontem. "O banco já pode trabalhar com agenda mais pró-cliente."

O Itaú já anunciou que sua estratégia é por concentrar sua atuação em cidades que tenham, no mínimo, 50 mil habitantes. Enquanto isso, o Bradesco acelerou de forma inédita a abertura de agências em municípios dos mais variados portes em 2011, optando pela capilaridade via crescimento orgânico.

Depois de perder para o Banco do Brasil no ano passado a rede de atendimento dos Correios – o chamado Banco Postal -, o Bradesco disparou na abertura de agência para repor os 6.233 pontos de atendimento que perdeu de uma só vez. Só em agências, foram 1.003 inaugurações, o que custou R$ 890 milhões.

"O Bradesco é o banco da pequena, média e grande cidade, de todas as cidades", disse Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Bradesco em dezembro, quando anunciou a abertura das agências. Poucos dias antes, Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, tinha dito que o Itaú "é e continuará sendo o banco das grandes cidades".

Mas a estratégia agressiva de crescimento do Bradesco não vem livre de custos. Os gastos operacionais do banco somaram R$ 6,822 bilhões no quarto trimestre do ano passado, com expansão de 17,8% contra o quarto trimestre de 2010. Em 12 meses, foram R$ 24,467 bilhões, crescimento de 17,4% em relação a 2010. Além da abertura de mais de mil agência em um ano, o Bradesco contratou 9,5 mil funcionários. Os gastos mais parrudos têm levantado questionamentos por parte dos investidores. Trabuco tem dito que agora o banco se voltará para fazer sua produção crescer de acordo com a nova estrutura montada.

No Itaú, por outro lado, a ordem é cortar custos. O banco lançou um programa para chegar a 2013 com um índice de eficiência de 41%. No quarto trimestre de 2011, o indicador estava em 47,3%, já 4,6 pontos percentuais abaixo do nível de um ano antes. Quanto menor esse índice, melhor para uma instituição financeira.

Fonte: Valor Econômico

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