Risco de perda do plano de saúde gera protestos em todo o país; banco não apresentou proposta para renovação do acordo sobre o plano de saúde dos empregados e insinua cobrança de mensalidade por faixa etária
Agências e departamentos administrativos da Caixa Econômica Federal amanheceram sob protestos na manhã desta segunda-feira (30) em todo país. Empregadas e empregados vestiram branco para mostrar sua indignação com a falta de negociações pela Caixa para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho específico do plano de saúde, o Saúde Caixa. O acordo tem vigência somente até o final deste ano.
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Tuitaço
Além dos protestos nas unidades da Caixa, também houve manifestações nas redes sociais. Os bancários vestiram branco e postaram fotos nas redes sociais com a hashtag #QueremosSaúdeCaixa
Dia histórico
O dia 30 foi escolhido para recordar o histórico 30 de outubro de 1985, data em que praticamente 100% dos empregados da Caixa paralisaram as atividades para reivindicação da jornada de seis horas e pelo direito à sindicalização. Estas conquistas são decorrentes desta manifestação.
“O dia de hoje remontou a conquista da jornada de 6 horas e o direito à sindicalização em 1985. No Brasil inteiro ocorreu o Dia de Luta pelo Saúde Caixa, com bancárias e bancários trajando branco, para que a empresa enxergue a importância da saúde dos seus empregados”, explica o representante da Feeb SP/MS na CEE Caixa, Tesifon Quevedo Neto.
De acordo com o representante, a falta de transparência e de vontade da Caixa em negociar é um dos principais incômodos da categoria. “Até o momento, apesar das tratativas desde o início deste ano, a Caixa tem demonstrado total falta de interesse em sentar para renovar o plano de saúde. Este foi o primeiro recado para a alta direção se mexer e negociar”, destaca Neto.
Entenda
Em 2017, depois do golpe que tirou Dilma Rousseff da Presidência da República, a Caixa fez uma alteração em seu Estatuto Social, sem qualquer tipo de negociação com os empregados e sua representação sindical, e impôs um teto de custeio que limita os gastos da empresa com a saúde dos seus empregados em até 6,5% da folha de pagamento.
O ACT específico do Saúde Caixa define que a Caixa arque com 70% dos custos do plano de saúde. Mas o teto de 6,5%, imposto pelo Estatuto, limita os gastos da Caixa e a impede de cumprir o modelo de custeio 70/30 (70% de responsabilidade do banco e 30% dos empregados) definido no ACT.
Assim, as despesas que excedem os 6,5% são transferidas aos empregados, que acabam pagando mais do que os 30% definidos no acordo com o banco. Por enquanto, isso estava sendo coberto pelo fundo de reserva do plano, mas as projeções mostram que isso não será mais possível.
Nessas condições, as projeções realizadas pela Caixa apontam que o aumento médio das mensalidades dos empregados seria de 85% em 2023 e de 107% em 2024, e com isso voltam as pressões para que a Caixa adote a cobrança por faixa etária, que foi implementada nas demais estatais por força da CGPAR 23.
A cobrança por faixa etária não resolve o problema principal, que é a redução da participação da Caixa no custeio. Seu efeito, na verdade, seria a quebra dos princípios da solidariedade e do pacto intergeracional, instituídos desde a criação do plano para garantir o direito ao plano de saúde para todas as empregadas e empregados da ativa e aposentados, já que a constante transferência de custos para os empregados faria com que os sucessivos aumentos de mensalidade fossem bem superiores à inflação e o valor da mensalidade comprometeria a renda dos trabalhadores a um nível em que a permanência no plano ficaria insustentável, e estes usuários sairiam do plano (como ocorreu nas autogestões que implementaram a cobrança por faixa etária, como o plano dos Correios, que tinha 400 mil usuários e passou a 219 mil).
A alternativa para a sustentabilidade do Saúde Caixa, que foi concebido como uma política de assistência à saúde (e não meramente como um plano), passa pelo aumento da participação da Caixa no custeio e pela manutenção de seus princípios de solidariedade e do pacto intergeracional.
Contraf Cut, com edição Feeb SP/MS
Contribuição imagens:
Assessores de Comunicação dos Sindicatos dos Bancários da Feeb SP/MS
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