Governo aprovou diminuição da meta atuarial de 6% para 4,5% ao ano; queda começará este ano e vai até 2018
Poupar para a aposentadoria vai exigir um esforço financeiro maior a partir deste ano. A redução gradual da meta atuarial dos fundos de pensão – ou seja, a previsão de rentabilidade dos planos fechados de aposentadoria – de 6% para 4,5%, fará com que o investidor tenha de reservar uma quantia mensal maior para ter o mesmo valor acumulado. Para se ter uma ideia do impacto, para quem começar a poupar agora por um período de 30 anos, o valor mensal deve ser elevado em pouco mais de 30%.
Cálculos do consultor financeiro e professor da Fipecafi, Silvio Paixão, mostram que, com uma previsão de rentabilidade de 6%, um investidor que poupasse R$ 1 mil por mês, chegaria ao final de 30 anos com R$ 974.513,07 – sem considerar os efeitos da inflação. Já com uma meta atuarial de 4,5%, esse valor a ser economizado mensalmente sobe para R$ 1.304,46 – uma alta de 30,4%.
Os números do professor mostram que o impacto da mudança é maior para períodos mais longos. Veja a tabela:
"Quanto maior o prazo, maior a perda e, portanto, maior deve ser o esforço da contribuição nos prazos mais longos para acumular o mesmo valor no período", diz Paixão. Ele comenta que no cálculo não foram considerados os efeitos da inflação. O efeito dos impostos também não foi levado em consideração, pois dependem do perfil tributário de cada pessoa.
Entenda
Os fundos de pensão são planos de previdência fechados, organizados por empresas para os funcionários. Tais fundos perseguem metas de rentabilidade, chamadas de atuariais. Até agora, esta meta era de 6% ao ano, algo fácil de ser atingido no passado quando os títulos públicos pagavam 12% ao ano ou mais. Com a queda da taxa básica de juros (Selic) até o patamar de 7,25% ao ano, tal meta ficou difícil de ser atingida.
O Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), órgão ligado ao Ministério da Previdência Social, aprovou então a redução gradual da meta atuarial dos fundos de pensão de 6% para 4,5% ao ano até 2018.
A medida vale a partir de 2013. A cada ano, a meta terá um corte de 0,25 ponto porcentual. A meta atuarial consiste no rendimento real (descontada a inflação medida pelo IPCA), necessário para que o fundo consiga pagar seu beneficiários ao longo do tempo.
"A decisão reflete o cenário atual de juros mais baixos da economia brasileira", informou o ministério, em comunicado.
Para o secretário de políticas de Previdência Complementar do ministério, Jaime Mariz, é necessário que os fundos criem alternativas de investimentos e não se concentrem apenas em títulos públicos.
(Com informações da Reuters)
Fonte: O Estado de S. Paulo
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