Políticas de saúde do banco precisam ser efetivas para a melhoria do ambiente de trabalho
A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu, nesta sexta-feira (26) com o banco para tratar sobre os diversos problemas do dia a dia que afetam a saúde do trabalhador.
Entre as considerações feitas pela CEE estão os dados mais recentes do INSS, levantados pelo Dieese, que apontam o adoecimento mental ou comportamental como as principais causas dos 76% dos casos de afastamento para tratamento de saude de empregados da Caixa. Representantes reforçaram que a gestão de pessoas e cobrança abusiva de metas são ferramentas adoecedoras.
O levantamento realizado pelo Dieese aponta que, entre os principais motivos de afastamentos acidentários (B91) das empregadas e empregados da Caixa, 75,4% sejam devido tratamentos de doenças mentais e comportamentais; 12,8% por doenças osteomusculares e do tecido conjuntivo; 3,1% a fraturas; e 0,2% a problemas nervosos.
Segundo a Caixa, a taxa de absenteísmo na instituição é de 3,51%. Todos os empregados que tenham sido cobrados por tratamentos de doenças relacionadas ao trabalho (B91) devem entrar em contato com o banco para serem ressarcidos, pois os custos são de responsabilidade da Caixa.
Representantes criticaram a Caixa por apresentar os números de absenteísmo e doenças mentais de forma a minimizar o problema. Apontaram que 1 bilhão de pessoas no mundo sofrem de depressão ou ansiedade, cerca de 12,5% da população mundial. Entre os bancários, esse número chega a 40%, três vezes a média mundial, segundo pesquisa do Dieese no Rio de Janeiro. A Caixa informou que 0,37% dos empregados são licenciados por acidente de trabalho a cada mês. Convertido em números absolutos, isso significa mais de três centenas de empregados adoecidos mensalmente, sem contar as subnotificações. Além disso, até 85% dos empregados atribuem o adoecimento às metas e formas de cobrança.
É preciso resolver
Além dos instrumentos adoecedores, foram citados exemplos de práticas prejudiciais, como cobrança pelo WhatsApp, Teams, ligações fora do expediente e controle excessivo de horas. A Caixa se comprometeu a acabar com o feedback de caráter punitivo e utilizar o mecanismo apenas para contribuir com o desenvolvimento das empregadas e empregados.
Os empregados também lembraram que faz dois anos que toda a mídia divulgou as denúncias de assédio moral e sexual envolvendo o ex-presidente do banco, Pedro Guimarães, e que não houve punição para o principal denunciado. Cobraram solução para o caso para evitar que empregados e empregadas fique com receio de denunciar e ainda serem punidos por fazerem a denúncia.
Políticas de prevenção
Os empregados também exigiram a melhoria do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), com mais credenciamento de profissionais e clínicas de saúde para a realização dos exames e também com políticas efetivas de prevenção.
Tesifon Quevedo Neto, representante da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS), participou da mesa de negociação e destacou a importância da saúde. “Discutimos a cobertura do Saúde Caixa, que hoje assume o pagamento de escolas inclusivas para filhos com deficiência ou neurodivergência, valor este que deveria ser custeado pela empresa e não pelo plano de saúde. Com o retorno das GIPES, cobramos a imediata reativação dos comitês de credenciamento e descredenciamento, para suprir as cidades e regiões que atualmente não têm profissionais credenciados para atender o plano de saúde, seja para procedimentos eletivos, emergenciais ou exames periódicos. É inaceitável que faltem médicos em qualquer região do Brasil, isso precisa ser resolvido imediatamente.”
Derruba o teto
A CEE também cobrou o fim do teto de 6,5% da folha de pagamentos para gastos da Caixa com a saúde dos empregados. Lembraram que o teto foi inserido no estatuto do banco por causa de uma leitura equivocada do CPC33, que limita os gastos das empresas de economia aberta com a saúde dos empregados. A representação sindical dos trabalhadores observou que, como a Caixa não possui ações na Bolsa de Valores, não teria a obrigação de se enquadrar ao CPC33.
Para os trabalhadores, a manutenção do modelo 70/30 para o custeio do Saúde Caixa foi uma conquista. No entanto, devido ao teto de 6,5%, nos últimos anos a Caixa não tem arcado com os 70% dos custos que lhe caberia. A reivindicacao é para que o teto do estatuto do banco seja retirado e a Caixa arque com os 70% dos custos com a saúde dos empregados.
Os empregados cobraram que todos os custos que a Caixa joga para o Saúde Caixa, que não sejam efetivamente de saúde, sejam arcados pela Caixa, como os custos da escola inclusiva para os filhos neurodivergentes de empregas e empregados e aqueles gerados por doenças ocupacionais (B91).
A Caixa se dispôs a realizar uma reunião do GT de Saúde, para tratar de questões específicas que envolvem o Saúde Caixa na terça-feira (30), ainda sem horário definido e, a pedido dos empregados, divulgou a relação de nomes dos responsáveis pelas Gipes, que começam a funcionar a partir de 5 de agosto:
Gipes Belém – Emelyn Azevedo
Gipes BH – Ricardo Lopes Broto
DF – Diogo Almeida
Curitiba – Marcia Shizue
São Paulo – Leandro José Correia
Salvador – Claudia Mierlo
Rio de Janeiro – Rodrigo Pereira
Fortaleza – em aberto
Outras reivindicações
A representação dos empregados entregou à Caixa um documento com propostas para o equacionamento do déficit do plano REG/Replan, da Funcef e cobrou a instalação de um grupo tripartite entre a Contraf/CEE, a Caixa e a Funcef para negociar o equacionamento.
Fonte: Contraf CUT, com edição Feeb SP/MS
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