Bancos negam discriminação e não propõem nada sobre igualdade

29.08.2014

Os bancos voltaram a afirmar que não existe discriminação de gênero, raça e orientação sexual nos locais de trabalho. Além dessa questionável afirmação, feita no encerramento da segunda rodada de negociação da Campanha 2014, realizada hoje (28), os bancos não propuseram nada sobre Igualdade de Oportunidades, tema da mesa. E isso não é tudo: não […]

Os bancos voltaram a afirmar que não existe discriminação de gênero, raça e orientação sexual nos locais de trabalho. Além dessa questionável afirmação, feita no encerramento da segunda rodada de negociação da Campanha 2014, realizada hoje (28), os bancos não propuseram nada sobre Igualdade de Oportunidades, tema da mesa. E isso não é tudo: não apresentaram o resultado do II Censo da Diversidade, realizado entre os dias 17 de março e 9 de maio deste ano. Os bancos informaram que o resultado do Censo deve ser divulgado na segunda quinzena de setembro. “Os novos dados são importantes porque vão permitir a comparação com os do primeiro Censo, de 2008; será possível analisar se as discriminações foram corrigidas”, observa o secretário-geral da Federação dos Bancários de SP e MS, Jeferson Boava, integrante do Comando.

Mulher e negro

Em 2008, as mulheres ganhavam 78% dos salários dos homens e encontravam mais obstáculos para a ascensão profissional. Além disso, apenas 19,5% dos bancários eram negros ou pardos, com ganho médio de 84,1% do salário dos brancos. E a categoria tinha somente 8% de mulheres negras. Dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) de 2012 revelam que a presença de pretos e pardos na categoria bancária era de 17,1%, o que demonstra que houve uma redução da população negra dentro dos bancos.

As mulheres são metade da categoria há vários anos e possuem escolaridade superior aos homens, mas ganham menos e enfrentam barreiras na ascensão profissional. Contra as alegações dos bancos de que não há discriminações, o Comando apresentou na mesa os dados do Caged do primeiro semestre deste ano, mostrando que as mulheres já entram no banco ganhando 24% menos que os homens, na média.

Os dirigentes sindicais também apontaram a ausência de mulheres nos altos cargos executivos de quase todos os bancos. Os negociadores da Fenaban não contestaram as informações, mas não apontaram soluções para combater as discriminações.

Diante dessa flagrante discriminação racial, o Comando reivindicou um percentual mínimo de 20% de negros nas contratações dos bancos. Os negociadores da Fenaban, no entanto, foram enfáticos em afirmar que não gostam e não aceitam nenhuma política de cotas.

PCS

O Comando cobrou dos bancos que seja disponibilizado a relação de cargos e suas definições técnicas, assim como os critérios necessários para essas funções. Os negociadores da Fenaban se limitaram em dizer que os grandes bancos já disponibilizam suas "trilhas" na intranet e estão à disposição dos bancários. Portanto, não haveria necessidade de incluir esse tema na Convenção Coletiva dos Bancários.

Assédio sexual

Diante da gravidade desse problema na categoria, a Contraf-CUT relançou em julho último a cartilha Combate ao Assédio Sexual, com informações e orientações sobre como enfrentar situações que violem a Lei 10.224/2001, que alterou o Código Penal de 1940 e passou a considerar o assédio sexual como crime, com pena de detenção de um a dois anos.

Os bancos concordaram que essa é uma prática inaceitável e que deve ser combatida, porque prejudica o ambiente de trabalho. No entanto, se recusaram a incluir qualquer aspecto desse tema na Convenção Coletiva. Concordaram apenas em fazer uma campanha conjunta com os sindicatos de combate ao assédio sexual.

Equidade

A adesão dos bancos ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi cobrada pelo Comando. O programa federal busca "garantia da autonomia econômica e social das mulheres como condição estruturante para a transformação das condições de vida e das desigualdades, especialmente daquelas que vivem as discriminações decorrentes da desigualdade social, de gênero e racial". Os negociadores dos bancos informaram desconhecer e remeteram o programa à mesa temática de Igualdade de Oportunidades.

PCD

Os bancos rejeitaram ainda a reivindicação apresentada pelo Comando de abono das ausências para reparo, conserto, manutenção e aquisição de órtese e prótese dos trabalhadores com deficiência (PCD). O que configura pura discriminação.

Calendário de negociações

Setembro
03 – 13h às 18h: Emprego e Remuneração (PCS e piso).
04 – 10h às 18h: Emprego e Remuneração (PCS e piso).
10 – 13h às 18h: Remuneração (índice, PLR e auxílios).
11 – 10h às 18h: Remuneração (índice, PLR e auxílios).
 
Fonte: Contraf-CUT

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