Caixa testa serviço móvel como opção à internet

02.12.2020

O internet banking não é mais a única forma de levar as agências bancárias até o cliente. Um equipamento móvel de apenas 400 gramas, já utilizado em outros segmentos da economia, foi adaptado para o sistema financeiro e começa a ser usado por grandes bancos de varejo.   Importada da Coreia do Sul, a BIP […]

O internet banking não é mais a única forma de levar as agências bancárias até o cliente. Um equipamento móvel de apenas 400 gramas, já utilizado em outros segmentos da economia, foi adaptado para o sistema financeiro e começa a ser usado por grandes bancos de varejo.

 
Importada da Coreia do Sul, a BIP 1300 chega para complementar e não para concorrer com o internet banking. A grande diferença é que ela permite fazer, fora do ambiente físico das agências, transações que exigem a presença de um funcionário do banco, como abertura de contas e cadastramento de senhas de cartão de débito.
 
A Caixa Econômica Federal saiu na frente e, após testar 600 unidades, disponibilizou recentemente quase 5 mil das novas maquininhas para sua rede de agências, informou ao Valor o vice-presidente de atendimento da instituição, José Henrique Marques da Cruz.
 
Outros três grandes bancos também estão testando a novidade, disse Mauro Henrique Ferrer de Castro, diretor-presidente da Prime Interway, empresa que distribui com exclusividade a BIP 1300 no Brasil.
 
Por impedimento contratual, ele não revela que instituições financeiras são essas. Mas acredita que pelo menos duas delas não vão demorar para seguir o exemplo da Caixa.
 
Castro prevê importar este ano 13 mil novas unidades do equipamento, fabricado pela empresa sul-coreana Pidion. Isso representa mais de 70% de tudo que foi importado desde 2009 (cerca de 18 mil), quando as primeiras máquinas chegaram ao Brasil.
 
O processo licitatório feito pela Caixa lhe permite adquirir até 7.810 unidades. Mas, segundo José Henrique da Cruz, "5 mil suprem a necessidade atual e a expansão da rede para os próximos anos". Portanto, as 13 mil a serem importadas este ano pela Prime vão para outras empresas, sobretudo bancos.
 
Quem já comprou lanche em avião provavelmente já viu o equipamento. A máquina que serve para levar a agência bancária até o cliente é a mesma usada pelas companhias aéreas para fazer vendas a bordo. O que muda são os aplicativos, diz Oswaldo Henrique Bastos Salles, presidente da Mob-up Inovações Tecnológicas, empresa que desenvolveu os aplicativos para a Caixa Econômica Federal.
 
A Mob-up e a Prime são parceiras no consórcio que venceu a licitação feita pelo banco estatal.
 
O sistema financeiro responde por 27% das unidades vendidas até hoje no Brasil, basicamente por causa da Caixa. Outros 20% estão com o setor público não-financeiro.
 
O presidente da Mob-up conta que a BIP 1300 é usada, por exemplo, por órgãos estaduais de trânsito na emissão de autos de infração e multas. Com a máquina em mãos e conectada à distância aos computadores da entidade ou órgão fiscalizador, o fiscal ou guarda de trânsito imprime o documento no próprio local e o entrega na hora ao motorista infrator.
 
Mauro Castro, da Prime, conta que a máquina tem sido usada ainda por empresas de transporte de carga. De onde estiver, o motorista imprime o chamado "Danfinho", versão reduzida do Documento Auxiliar de Nota Fiscal Eletrônica (DANFE).
 
"Em um só equipamento você tem um terminal móvel de dados com leitor de código de barras, leitor de cartões de crédito e de débito, impressora, WI-FI, Blouthooth e GSM/GPRS", explica ele.
 
Osvaldo Salles, da Mob-up, acrescenta que, no caso dos bancos, a BIP 1300 serve para fazer as mesmas operações que são feitas nos caixas das agências, com exceção das que envolvem movimentação de papel-moeda. Em tese, até depósitos e pagamentos em cheque podem ser recebidos, embora a Caixa ainda não tenha feito essa opção.
 
A versão que vem da Coreia do Sul não tem leitor de cheque. Mas a Mob-up desenvolveu um leitor próprio para acoplagem na BIP 1300, informa Salles. Se o banco quiser, "a solução está pronta", diz.
 
O equipamento tem ajudado a Caixa a ganhar correntistas entre empregados de sua clientela de pessoas jurídicas, ao permitir a abertura de contas bancárias no local de trabalho, exemplifica José Henrique da Cruz.
 
Uma equipe de funcionários do banco vai até a empresa, levando as maquininhas, para que os trabalhadores não precisem ir à agência.
 
A abertura de conta corrente é um dos procedimentos que não são possíveis via internet. O preenchimento e envio de formulários podem até ser feitos dessa forma. A entrega de documentos, por sua vez, pode ser feita pelos Correios ou por mensageiro do banco. Mas o processo só se completa com cadastramento da senha de débito, o que exige ida ao banco, observa o vice-presidente da Caixa.
 
Quanto aos terminais de autoatendimento, ele lembra que, além de não serem móveis, não cadastram senha de débito de conta corrente.
 
A Caixa também tem usado a novidade no próprio ambiente físico das agências, como mecanismo "papa-filas", diz o vice-presidente da estatal. As máquinas têm servido principalmente para atender os beneficiários do programa Bolsa Família.
 
Segundo ele, existe uma grande demanda desse público por recuperação de senha de débito, o que tem sido feito com ajuda da BIP 1300. 
 
Fonte: Mônica Izaguirre – Valor Econômico

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