Na próxima quinta-feira (11), o Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para debater Igualdade de Oportunidades e reivindicar o fim das distorções salariais entre gêneros, além do combate ao preconceito e a promoção de condições igualitárias nos processos de ascensão dentro dos bancos. O objetivo é garantir maior representatividade de mulheres, pessoas com deficiência (PCDs), negros e negras e LGBTs nos cargos de liderança.
O encontro faz parte das negociações da Campanha Nacional de 2024, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. A reivindicação busca a inclusão, o acesso ao emprego bancário e a ascensão profissional sem a interferência desses preconceitos.
O Brasil já conta com uma lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, aprovada em 2023, com a participação ativa da categoria bancária no grupo de trabalho interministerial para a implementação dessa lei. A legislação também propõe medidas para combater o assédio e promover a igualdade de gênero em cargos de direção e gestão nas empresas.
Embora as mulheres representem cerca de 50% do quadro de funcionários, essa proporção não se reflete nos espaços de gerência e comando, evidenciando uma disparidade de gênero.
Dados
De acordo com o relatório do Dieese, elaborado com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as mulheres bancárias ganham em média 22% menos que os homens bancários. O mesmo trabalho aponta que mulheres negras bancárias têm remuneração média 38% inferior à remuneração média dos homens brancos que são bancários.
A média de remuneração na categoria bancária é R$ 8.082. A partir do recorte racial, o Dieese mostra que, homens brancos estão no topo, com remuneração média de R$ 9.570, seguidos dos homens negros (R$ 7.526), mulheres brancas (R$ 7.401) e mulheres negras (R$ 5.950).
“Para que as mulheres negras bancárias recebam a mesma remuneração que os homens brancos bancários, elas teriam que trabalhar um mês de 48 dias, ou seja, 18 dias a mais. Outra forma de entender isso é dizer que o ano da bancária negra precisaria de mais 7 meses para que a igualdade salarial fosse estabelecida”, explicou a economista do Dieese, Rosângela Vieira.
Uma das explicações para esse quadro é a menor participação das mulheres negras em cargos de liderança. “Enquanto os homens brancos respondem por 39% dos cargos de liderança, as mulheres negras respondem por apenas 10% dos cargos de liderança”, observou Rosângela.
Considerando todos os cargos da categoria bancária, os homens representam 52,2% e as mulheres 47,8% do total de trabalhadores. Ao analisar o recorte racial, as mulheres negras (pretas e pardas) representam 11,7% da categoria, as orientais 1,3% e as indígenas apenas 0,1%.
PCDs e LGBTs
Também com base na RAIS, o relatório do Dieese apontou que a proporção de trabalhadores com deficiência contratados representa apenas 4% da categoria.
Em relação às trabalhadoras e trabalhadores que fazem parte da comunidade LGBT, não existem dados atualizados e não é possível o levantamento a partir da RAIS. O último levantamento a respeito foi realizado pela Febraban em 2014, quando cerca de 15% da categoria havia informado, na época, que não se identificava como heterossexual.
Manter e ampliar conquistas
A categoria bancária é a única que possui uma mesa permanente dedicada ao tema Igualdade de Oportunidades. “A união da categoria é imprescindível para mantermos as cláusulas e avançarmos em novos direitos, sobretudo na igualdade salarial”, defende David Zaia, presidente da Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SPMS).
A seguir, as conquistas ligadas à igualdade de oportunidades obtidas pelas bancárias e bancários na CCT:
2002 – Inclusão do tema igualdade de oportunidade nas mesas de negociação;
2008 – Conquista do primeiro Censo da Diversidade;
2009 – Licença-maternidade de 180 dias e extensão dos parceiros do mesmo sexo nos planos de saúde;
2010 – Inclusão da cláusula que criou o programa de combate ao assédio moral;
2012 – Conquista do 2º Censo da Diversidade;
2016 – Licença-paternidade de 20 dias;
2017 – Reconhecimento do direito de uso do nome social no crachá e nos sistemas dos bancos;
2018 – 3º Censo da Diversidade;
2020 – Programa de prevenção à violência doméstica e familiar contra bancárias, incluindo a criação de canais de acolhimento, orientação e auxílio às mulheres em situação de violência doméstica e familiar;
2022 – Cláusula que estabelece programa de combate ao assédio sexual nos bancos.
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