Campanha Salarial: Bancários debatem igualdade de oportunidades em mesa de negociação

11.07.2024

 65% das bancárias apontam igualdade de oportunidades como prioridade A mesa de negociação entre o movimento sindical e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) realizada nesta quinta (11/07), em São Paulo, teve como tema Igualdade de Oportunidades. Durante a negociação a representação dos bancários reivindicou Igualdade salarial; mulheres no setor da Tecnologia da Informação da […]

 65% das bancárias apontam igualdade de oportunidades como prioridade

A mesa de negociação entre o movimento sindical e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) realizada nesta quinta (11/07), em São Paulo, teve como tema Igualdade de Oportunidades. Durante a negociação a representação dos bancários reivindicou Igualdade salarial; mulheres no setor da Tecnologia da Informação da Categoria Bancária; Cotas para ingresso do público trans, além de programas de capacitação de gestores para coibir práticas discriminatórias; e Ações que inibam a prática do Assédio Sexual.
Censo da Diversidade
O Comando Nacional destacou dados da Consulta Nacional da Categoria Bancária, realizada neste ano com quase 47 mil trabalhadores do setor de todo o país, onde o tema Igualdade de Oportunidade apareceu na 5ª colocação entre as prioridades da classe, relacionadas às cláusulas sociais. Entretanto, quando analisado separadamente as respostas de homens e mulheres, Igualdade de Oportunidade apareceu na 1ª colocação para 65% das mulheres, atrás de outros temas das cláusulas sociais, como manutenção de direitos, combate ao assédio moral e emprego. Enquanto que, para a maioria dos homens, manutenção de direitos é que aparece na 1ª colocação, ficando Igualdade de Oportunidade somente na 6ª posição.

De acordo com o movimento sindical, o resultado aponta que as mulheres bancárias percebem claramente a situação de desigualdade salarial entre gêneros e de ascensão profissional dentro das empresas. Além disso, os números demonstrados revelam a existência de grande desigualdade salarial e de acesso no setor bancário, com base em relatório elaborado pelo Dieese a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2022, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Recorte nacional

Apesar de representarem quase 48% da categoria, as bancárias têm remuneração média 20% inferior à remuneração média dos homens bancários. O recorte racial revela uma distorção ainda pior: as mulheres bancárias negras (pretas e pardas) têm remuneração média 36% inferior à remuneração média do bancário branco.

Por conta dessa diferença, para que as mulheres negras bancárias recebam a mesma remuneração que os colegas homens e brancos, elas teriam que trabalhar num mês de 48 dias ou mais 7 meses do ano para haver igualdade salarial.

O cenário do mercado de trabalho no país mostra que as mulheres recebem cerca de 22% menos de remuneração que os homens, o que revela que no retrato da categoria não é muito diferente. Representantes reforçaram a preocupação e a importancia do combate às desigualdades.

As desigualdades salariais de gênero se repetem em praticamente todos os cargos do setor bancário, mas se aprofundam nos cargos de liderança, onde elas recebem cerca de 25% menos que seus pares, e quanto maior for a escolaridade, onde as bancárias com doutorado recebem 61% da remuneração média dos homens bancários também com doutorado. As mulheres recebem mais que os homens em apenas 2,8% do total das ocupações no setor bancário.

Questão racial

Apesar de negros e negras representarem mais de 56% da população, segundo o IBGE, compõem 26,2% da categoria bancária, sendo que as mulheres negras apenas 12% do total de trabalhadores no setor. Esse dado, da Rais de 2022, mostra uma leve melhora no setor, considerando que, dez anos antes, em 2012, negros e negras representavam 18,9% da categoria.

Também há diferença salarial significativa entre homens bancários brancos e negros, com o segundo grupo recebendo remuneração média de 78,9% da remuneração média dos brancos.

Redução de mulheres na TI

Os bancários também mostraram que está havendo uma redução de mulheres contratadas em todos os cargos do setor. Entre janeiro de 2020 e maio de 2024, houve redução de 11.514 postos. Porém, quando é feito o recorte de gênero, o saldo positivo de emprego bancário entre homens foi de 1.331 postos, enquanto para as mulheres, foram eliminados 12.845 postos. Portanto, a cada um homem contratado no período, nove mulheres foram desligadas.

Nesse período, na área que teve mais contratação nos bancos, a de TI, ocorreram 19,9 mil admissões, porém, desse total 78% das vagas foram destinadas aos homens e o restante (22%) às mulheres.

Canais de combate ao assédio

A secretária da Mulher da Contraf-CUT e coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes, cobrou informações sobre a implementação das cláusulas conquistadas nas campanhas de 2020 e 2022, de prevenção e combate à violência doméstica e familiar e de combate ao assédio sexual.

“Queremos os números, saber quantas são e a forma como as mulheres vítimas foram atendidas, se foram acolhidas realmente, protegidas e não revitimizadas”, explicou Fernanda, apresentando, em seguida, os números dos canais “Basta! Não irão nos calar”, programa de assessoria jurídica humanizada a mulheres em situação de violência doméstica e familiar, de iniciativa do movimento sindical bancário.

“Atualmente temos 13 canais, com 449 mulheres já atendidas: desse total, foram geradas 235 medidas protetivas, com base na Lei Maria da Penha”, destacou.

Outras reivindicações

– Cumprimento da Lei da Igualdade Salarial entre homens e mulheres, especificamente no ponto sobre o Relatório de Transparência Salarial:

  • >Correção e adequação dos relatórios divulgados;
  • >Que divulguem os dados por empresa e não somente por estabelecimento (CNPJ);
  • >Que tragam o número absoluto de trabalhadores e trabalhadoras;
  • >E que os relatórios sejam compartilhados com os trabalhadores e com o Comando Nacional dos Bancários, para facilitar o acompanhamento.

– Realização do 4º Censo da Diversidade da categoria, o último foi divulgado em 2019.

Neste ponto, os trabalhadores lembraram que a realização do Censo da Diversidade é um compromisso firmado na CCT para ser realizado a cada cinco anos, período vencido.

– Olhar especial para as trabalhadoras e os trabalhadores transexuais, dada a vulnerabilidade social desse grupo, para que, além de terem acesso às vagas no setor, consigam permanecer e ascender na carreira.

Um dos exemplos bem sucedidos no setor, que foi destacado pelos trabalhadores, é o caso do Banrisul, que abriu um concurso público com cota de 1% para a população trans, e teve esse percentual superado no processo seletivo. Existe ainda um ordamento para que órgãos do governo federal tenham reserva de vagas em concursos públicos para transexuais e indígenas.

– Adesão de todos os bancos ao Programa Empresa Cidadã, para que todos pratiquem a licença maternidade de 180 dias e paternidade de 20 dias.

– Programas de promoção de acesso à ascensão de negros e negras, além de igualdade salarial para toda a categoria.

– Programas de promoção para acesso e permanência de mulheres nas áreas de TI.

– Balanço, por bancos, sobre a implementação e realização dos programas de combate ao assédio e de violência doméstica.

Esta é a terceira mesa de negociação dentro do calendário com a Fenaban, que é parte das ações para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria, cuja data base é 1º de setembro.

As mesas anteriores abordaram: defesa do emprego do bancário (e representação de todo o ramo) e  cláusulas sociais (com foco na apresentação da proposta de redução da jornada de trabalho de cinco para quatro dias semanais, sem perdas salariais, e de reajustes nas verbas relacionadas ao teletrabalho).

“Acreditamos que, com união e determinação, conseguiremos alcançar uma igualdade de oportunidades real, onde cada trabalhador e trabalhadora tenha condições justas e dignas para desenvolver sua carreira. Seguiremos firmes na luta por um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo para todos”, destacou Ana Stela Alves de Lima, representante e vice-presidente da Feeb SP/MS.

Calendário

Julho
18 e 25/07 – Saúde e condições de trabalho: incluindo discussões sobre pessoas com deficiência (PCDs), neurodivergentes e combate aos programas de metas abusivas

Agosto
6 e 13/08 – Cláusulas econômicas
20/08 – Em definição
27/08 – Em definição

(Mesa de negociação debate Igualdade de Oportunidades – fotos Contraf-CUT)

 

 

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