Confirmado: GDP da Caixa visa forçar “mudança de cultura”

05.11.2021

Banco público quer que empregados tenham “valores empresarias” do mercado financeiro A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu com o banco na quarta-feira (27) para dar continuidade às negociações sobre condições de trabalho nas agências e departamentos da Caixa. Em pauta, estava o retorno ao trabalho presencial dos empregados de […]

Banco público quer que empregados tenham “valores empresarias” do mercado financeiro

A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu com o banco na quarta-feira (27) para dar continuidade às negociações sobre condições de trabalho nas agências e departamentos da Caixa. Em pauta, estava o retorno ao trabalho presencial dos empregados de grupos de risco à Covid-19 e temas relacionados ao programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), Programa de Qualidade de Vendas (PQV), Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), promoção por mérito, cross-selling (venda casada) e assédio (inclusive o gerador de “sprints” como mais uma ferramenta que pode resultar em assédio).

Retorno presencial
O retorno presencial, convocado pela Caixa, inclusive de empregados que fazem parte dos grupos de risco, também foi abordado pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE). A representação dos empregados reforçou o pedido de prorrogação do prazo para solicitação da manutenção do trabalho em home office, visando o aumento do tempo para a obtenção do laudo médico com indicação da necessidade de permanência do trabalho em casa.

O representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb/SP-MS), Carlos Augusto “Pipoca” também lembrou que, para reduzir custos, durante a pandemia o banco entregou alguns de seus prédios e promoveu a concentração de departamentos em alguns edifícios. “Com essa redução de prédios e contração dos departamentos não há estrutura suficiente para que todas as pessoas retornem ao trabalho. Precisamos lembrar que ainda estamos vivendo em uma situação de pandemia e alguns dos prédios possuem elevadores que suportam apenas quatro pessoas em situação normal. Com pandemia apenas duas. Como vai ficar a entrada e saída destas pessoas? Elas não vão nem conseguir sair para almoçar”, observou.

Ainda sobre a pauta, representantes abordaram questões como casos específicos que precisam ser analisados, como por exemplo, a situação de casais que trabalham no banco, ambos foram vacinados, porém a filha por apresentar alguma comorbidade não pode ser vacinada. O prazo para a apresentação de laudos e a forma de divulgação das informações também foram criticadas.

A representação dos empregados também cobrou que o novo protocolo seja inserido no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e que os gestores de unidades sejam muito bem informados com relação à orientação sobre a possibilidade de contestação do chamado de retorno para os casos específicos.

Os representantes da Caixa afirmaram que o novo protocolo, com chamada para o retorno ao presencial, é somente para os empregados do grupo de risco e nunca houve orientação para o afastamento daqueles que não fossem do grupo de risco. Esta era uma decisão de cada gestor, de acordo com a disponibilidade de seu quadro de empregados. Com relação à proibição do retorno ao presencial daqueles que se recusem a se vacinar, o banco sustenta que não existe esta orientação e que, inclusive, para o pessoal que se manteve no presencial, sempre houve a convivência entre quem estava vacinado e quem não estava.

A Caixa se comprometeu a melhorar a comunicação aos gestores e aos empregados em geral sobre a possibilidade de contestação do retorno ao presencial com o GT de Prevenção em até cinco dias, que situações excepcionais podem ter avaliação do próprio gestor e reforçou que os pedidos de análise podem ser feitos pelo serviços.caixa. Também disse que vai analisar a questão dos prédios sem estrutura para receber os empregados, além disso, disse que pode estudar como proceder com empregados que se negam a se vacinar, no entanto, alegou não poder proibir o retorno deles ao trabalho caso eles queiram retornar.

Contratações
Os representantes cobraram agilidade nas contratações de novos empregados, visando desafogar os funcionários sobrecarregados e aumentar segurança para o retorno presencial.

A Caixa informou que no primeiro semestre de 2021 foram contratados 2.800 novos empregados. De agosto até 25/10 foram contratados outros 1.500. A portaria do Ministério da Economia, publicada em agosto, autoriza a contratação de mais 3.300 novos empregados, aproximadamente.

GDP
O ponto mais polêmico da reunião foi o debate sobre as novas medidas do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) implementadas em 2021.
A Caixa informou que o banco fez uma pesquisa na qual os entrevistados disseram concordar com a GDP, seus mecanismos e apontaram problemas pontuais. Disse também o que o banco quer com a GDP e como funcionam os novos mecanismos de “gestão” implementados agora em 2021. Segundo uma representante da Caixa, o banco quer que seus empregados tenham “valores empresariais” e a “curva forçada”, visa mudar a cultura de trabalho e aumentar o interesse de ascensão profissional, ao ajudá-lo a se comparar com os demais.

Para a Caixa a GDP traz clareza ao trabalho e que a cartilha de sua aplicação prevê parâmetros para calibrar os objetivos para cada uma das funções e os gestores estão sendo preparados isso. O banco defende que o resultado da GDP não refletia o real desempenho dos empregados e, por isso, aplicaram a “curva forçada”, que visa gerar mudança cultural no sistema de avaliação. A Caixa disse ter ciência de que a curva é um instrumento atrasado.

A CEE disse que o problema do modelo não é pontual, como a direção do banco quer fazer parecer, mas sim estrutural. Disse que a mudança cultural, que os representantes do banco admitem que pretendem promover, é uma violência com os empregados, e que, como efeito, os está levando ao adoecimento.

Para a CEE, o resultado da “curva forçada”, nos locais em que foi implementada, foi a desagregação das equipes e a piora do clima organizacional, lembrando que a mesma foi abandonada pelo mercado e que a mesma foi criada para demitir pessoas.

A CEE também questionou qual é a preparação dada aos gestores e chefes de departamento com relação à aplicação da GDP, já que há exemplos de “objetivos Smart” de caixas maiores do que os de gerente de varejo. A CEE lembrou, ainda, que não há nenhuma forma do empregado validar o que foi estipulado pela chefia como objetivo que ele deve cumprir e questionou se o acordo de desempenho deveria ser acordado entre banco e empregado. Como a Caixa respondeu que sim, a CEE questionou, porque há um item que é obrigatório na rede, que é o Time de Vendas (TDV). Disse existir inúmeros casos em que os objetivos foram lançados sem a ciência do empregado e outros em que, após o lançamento, a chefia alterou sem que o empregado soubesse da alteração.

A Caixa disse que a validação pelo empregado pode ser avaliada pela empresa.

A representação dos empregados apontou ainda casos de chefias de agências, com autorização de superintendentes, que têm feito ranking de funcionários e inclusive colocado tais rankings em grupos nas redes sociais e chats privados de comunicação (WhatsApp) e utilizado a ferramenta de “sprints” para forçar a “venda casada” de produtos aos clientes sem que os mesmos tenham necessidade.

Outra representante da Caixa defendeu a posição do banco dizendo que “precisamos passar pela curva forçada para avançar na questão do desempenho”. Um terceiro integrante da representação da Caixa agradeceu os apontamentos trazidos pela representação dos empregados e disse que não é intenção da Caixa usar os mecanismos para assédio, promoção de rankings entre empregados, ou forçar o cumprimento de metas irá reforçar a comunicação com os gestores para que estas práticas não sejam realizadas.

Continuidade das negociações
A próxima reunião de negociações não foi marcada. O banco entrará em contato com a coordenação da CEE durante a próxima semana para agendar a nova data.

Fonte: Contraf Cut com edição Feeb SP/MS.

 

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