Após criticar a decisão do Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de aprovar a utilização de recursos do Fundo como garantia de empréstimos consignados, o presidente do PPS e da Federação dos Bancários São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS), Davi Zaia, chamou atenção na sexta-feira (9) para proposta em análise pelo governo federal que pode permitir a garantia trabalhista do FGTS para o pagamento de dívidas. Segundo o dirigente, a medida não poderá prejudicar ainda mais o trabalhador, que já sofre com o desemprego.
Zaia: Proposta não pode atender interesses de bancos
“Todas essas questões precisam ser olhadas com muito cuidado. É preciso ver até aonde de fato uma proposta como essa ajuda os trabalhadores, ou se interessa apenas para resolver o problema do credor que saiu por aí ofertando crédito a torto e a direito. Essas questões exigem muito cuidado”, afirmou.
Ele lembrou que o FGTS é uma reserva importante para o brasileiro e não deveria ser utilizado como “quebra galho”.
“O FGTS sempre foi uma coisa importante para o trabalhador para ele poder comprar uma casa própria ou ter uma reserva para quando se aposentar, por exemplo. Daí, nós vamos abrindo para resolver isso ou aquilo quando, no fundo, não resolve de fato o problema do endividamento dos trabalhadores”, disse.
Davi Zaia afirmou que o ponto principal do problema das dívidas é o juro elevado cobrado no Brasil.
“Na hora de fazer crédito todo mundo quer fazer. Provavelmente essa é uma das razões para o pessoal estar endividado. Mas tem também a questão dos juros, que é o problema principal. O cidadão faz o empréstimo e esquece que os juros são altos. Pega R$ 1000 e paga R$1300. Se os juros no País fossem mais baixos, teríamos menos gente endividada e sem ter condições de pagar. O juro sempre é o vilão da história”, criticou.
Garantia de consignados
Davi Zaia criticou nesta quinta-feira a decisão do Conselho Curador do FGTS de permitir o uso dos recursos do Fundo como garantia de empréstimos consignados. Zaia disse que a proposta favorece apenas o lucro dos bancos.
“Serão 51% de juros anuais ao trabalhador que optar por esse tipo de empréstimo. Os bancos pagam no máximo, em taxa Selic, 13,65% ao ano. Se fizermos o cálculo, veremos que isso dará um spread de 37,35% para as instituições financeiras”, calculou Zaia.
Fonte: PPS – Portal Nacional – Matéria publicada dia 09/12/2016
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