Além de conversar com bancários e com a população, o ato retardou a abertura das agências bancárias da região central – em até duas horas – como forma de pressionar a Fenaban a apresentar uma proposta com ganho real à categoria.
“Os bancos ‘choram’ e dizem que está difícil a concorrência no mercado, mas quando a gente olha para os lucros deles, o que a gente vê é uma outra realidade. Em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões”, destaca o presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues.
Ao longo da negociação, iniciada em julho, os bancos vem alegando dificuldades e concorrência com o mercado para propor retirada de direitos, o que foi negado pela representação dos trabalhadores. “Assédio moral, ameaça de desemprego, terceirização… são muitas as coisas que tiram o sono do bancários e a paz de suas famílias… então sim, precisamos de aumento de salário e de PLR, mas precisamos de melhores condições de trabalho. Ninguém trabalha para ficar doente!”, disse o diretor de saúde, Gustavo Frias.
Em tom semelhante, os demais diretores cobraram respeito aos trabalhadores, lembrando a importância de menos metas e mais saúde, e exigindo que os bancos atendam as reivindicações da categoria na renovação Convenção Coletiva de Trabalho.
A ação contou com apoio de dirigentes de outros sindicatos filiados à Feeb-SP/MS (Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul). Novos atos ocorrerão nos próximos dias.
Aumento real e mais saúde
Os bancários reivindicam reajuste nos salários que contemple reposição pelo INPC (acumulado entre setembro de 2023 e agosto de 2024), mais aumento real de 5%; além de melhoria nos percentuais da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e valorização das demais verbas, como tickets alimentação e refeição, auxílio-creche e auxílio-babá.
Também são contempladas na campanha deste ano cláusulas que assegurem redução das metas, uma vez que o atual modelo de gestão está diretamente relacionado ao adoecendo os trabalhadores; ao direito à desconexão; e igualdade de oportunidades e novas formas de inclusão; entre outros itens.
“A saúde é um dos temas mais importantes da Campanha Nacional deste ano, especialmente diante de tantos dados que temos e que comprovam que a categoria tem adoecido mais”, destaca Lourival Rodrigues.
Levantamento do Dieese, com base em dados do INSS e da RAIS, mostra que o afastamento bancário relacionado à saúde mental, em 2022, foi três vezes maior que a média de afastamentos no Brasil, considerando todas as categorias profissionais. “Ainda assim, os bancos negaram que o adoecimento mental esteja relacionado com o trabalho”, recorda Lourival.
Nova rodada
Uma nova rodada de negociação está agendada para terça-feira, 27/08. Espera-se que a Fenaban apresente reajuste com ganho real. A data base da categoria é 1º setembro e a nova CCT terá validade 2024/2026.