Pela manhã, Tombini soltou uma nota considerando 'significativas' as revisões das projeções do FMI para o crescimento do Brasil
BRASÍLIA – Perplexidade. Esta é a palavra que resume a reação de ex-integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a nota divulgada na manhã desta terça-feira pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Pelo que comentaram dois ex-diretores da instituição ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado, uma postura dessas não tem par na história do BC.
Pela manhã, Tombini soltou uma nota considerando "significativas" as revisões das projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o crescimento do Brasil neste e no próximo ano. Mais do que isso, enfatizou que essa informação, como todas as demais disponíveis até o momento da decisão do colegiado, serão apreciadas pelos membros do Copom.
Uma das fontes consultadas revelou que estava em reunião interna na instituição em que trabalha quando um colega verificou a notícia no Broadcast por meio do celular. Os reflexos da decisão do Copom de amanhã eram um dos assuntos do encontro. Depois da informação, no entanto, tornou-se a pauta principal, conforme relatou. "Todos os sinais do BC eram mais hawkishes (inclinado ao aperto monetário), apesar da recessão. Não entendemos o motivo de Tombini passar um recado tão dovish (suave) no meio do caminho", disse.
Se havia uma possibilidade de Tombini deixar o cargo por conta da pressão política que vem sofrendo para não aumentar os juros, a avaliação dessa fonte é a de que a revisão do FMI caiu como uma luva para o presidente do BC, que poderá usá-la como argumento. Com isso, avaliou, também não haveria motivo para deixar o cargo. "Mas isso é contraditório com toda a linha apresentada desde o final do ano passado. Ou o BC não passou os recados certos ou teve de mudar de posição de última hora, o que é muito pior", avaliou o ex-diretor.
No Copom passado, o colegiado optou por manter a Selic estável em 14,25% ao ano. O placar, no entanto, foi dividido com seis votos a favor da manutenção e dois pela elevação imediata da taxa para 14,75% (Sidnei Marques e Tony Volpon). O que o Broadcast apurou na ocasião é que se tratava apenas de uma questão de timing, já que todos os membros teriam como tendência de atuação o aperto monetário. As discussões ficaram mais concentradas sobre quando o BC deveria começar a agir.
Para outro ex-integrante do BC, a decisão do Copom de amanhã foi praticamente antecipada para hoje. "É claro que se trata de um comentário assinado por Tombini, que é um voto, mas é um voto importante e, mais do que isso, de 'minerva'", considerou, levando-se em conta que a decisão poderá ser, mais uma vez, dividida. Na história, vale lembrar, é difícil encontrar um momento em que presidente do BC está no grupo dos "vencidos" em um placar do Copom.
Apesar de todo o desgaste que essa nota poderá trazer para os negócios e as expectativas, essa fonte salientou que, pior ainda, seria ver o colegiado elevar a Selic em 0,25 ponto porcentual amanhã, sem ter feito qualquer sinalização sobre essa possibilidade. "A notícia de hoje chocou, claro, mas o pior dos mundos seria levar um susto ainda maior amanhã à noite", disse.
O Broadcast apurou também que, durante o evento de uma instituição financeira, um ex-diretor do BC foi interrompido durante sua fala para ser informado sobre o comentário de Tombini. A reação foi de perplexidade. Ele teria dito que "parecia brincadeira" o BC comentar uma revisão do FMI à véspera do Copom. "Não há precedentes."
Fonte: O ESTADO DE S.PAULO – CÉLIA FROUFE
Notícias Relacionadas
Aposentados do Itaú cobram condições dignas no plano de saúde
Em reunião com banco, COE e Comissão de Aposentados apresentaram propostas e reforçaram a importância de negociação para evitar judicialização A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú e a Comissão de Aposentados se reuniram com representantes do banco nesta segunda-feira (13) para discutir alternativas sustentáveis e humanas para os aposentados no plano de […]
Leia maisBanco do Brasil apresenta novas funções aos representantes dos bancários
Reunião discutiu a implementação de novas funções, reajustes no VR, movimentação interna e a incorporação da Gratificação de Caixa para bancários Na manhã desta terça-feira (07/01), o Banco do Brasil apresentou um conjunto de mudanças importantes para seus funcionários durante uma reunião com os representantes dos bancários. David Zaia, presidente da Federação dos Bancários dos […]
Leia maisFeeb SP/MS aprova acordo coletivo do Banco Itaú, que regulamenta novas normas de teletrabalho e jornada de trabalho
Durante assembleia realizada nesta sexta-feira (27), bancários aprovaram novas regras para teletrabalho, controle eletrônico de jornada, banco de horas e bolsa auxílio educação. Nesta sexta-feira (27), a Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS) realizou uma assembleia para a votação do acordo coletivo de trabalho do Banco Itaú. O […]
Leia mais