Grandes bancos lucram R$ 20 bi

08.10.2020

  Valor Econômico Aline Lima e Fernando Travaglini, de São Paulo e Brasília 17/08/2010 Os resultados apresentados pelos cinco maiores bancos do país referentes ao primeiro semestre deste ano superaram o nível pré-crise. A soma do lucro líquido dos primeiros seis meses do ano de Banco do Brasil (BB), Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal […]

 

Valor Econômico
Aline Lima e Fernando Travaglini, de São Paulo e Brasília

17/08/2010

Os resultados apresentados pelos cinco maiores bancos do país referentes ao primeiro semestre deste ano superaram o nível pré-crise. A soma do lucro líquido dos primeiros seis meses do ano de Banco do Brasil (BB), Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Santander alcança R$ 19,85 bilhões, valor 13% superior aos R$ 17,57 bilhões apurados no primeiro semestre de 2008. Na comparação com 2009, a cifra é 29,3% maior.

A melhora de desempenho foi puxada pela expansão das concessões de crédito. As operações de financiamento vieram ainda acompanhadas de queda dos índices de inadimplência. A combinação desses dois fatores produziu menores despesas com provisões para devedores, contribuindo para impulsionar, dessa forma, o resultado final das instituições.

Em relação a 30 de junho de 2009, os estoques das carteiras de crédito evoluíram 20,6%. No segundo trimestre, o crescimento foi de 5,7%, totalizando R$ 1,17 trilhão. A inadimplência média (considerando os atrasos superiores a 90 dias) atingiu 6,1% e, em alguns bancos, já encosta nos níveis pré-crise – no BB, por exemplo, está em 2,7%, bem próximo dos 2,5% registrados em junho de 2008. A inadimplência média do setor no primeiro semestre de 2008 era de 5%. As despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa caíram 10,8% no primeiro semestre na comparação com igual período de 2009.

A avaliação dos balanços do primeiro semestre deste ano mostra uma reação dos bancos privados na oferta de crédito, após o "congelamento" ocorrido no auge da crise financeira. Desse grupo, o Bradesco foi o que mais ampliou o estoque de empréstimos, em 15% no período de 12 meses encerrado em junho – desempenho que contribuiu também para diminuir a distância que o separa do Itaú Unibanco no ranking das maiores instituições por volume de ativos. O Itaú Unibanco aparece depois com crescimento de 11,4% do crédito, seguido de Santander, com 9,9%.

Mas, ao contrário das previsões feitas por analistas, são os bancos públicos que continuam puxando as concessões. O Banco do Brasil é, nesse sentido, o grande destaque. Líder do sistema nacional, com carteira de R$ 326,52 bilhões e 20,1% de participação de mercado, o BB expandiu em 29,3% sua carteira de empréstimos em 12 meses e 6,9% no segundo trimestre.

A Caixa Econômica cresceu mais nesse período – 50,3% no intervalo anual e 10,8% no trimestral -, porém seus estoques somam menos da metade do volume do BB. Vale ressaltar também que boa parte do crescimento econômico se deve ao aquecimento da construção civil, o que acaba puxando as concessões de financiamento imobiliário por parte da Caixa, que representam 58% da carteira. No caso do BB, os repasses do BNDES no primeiro semestre de 2010 atingiram R$ 8,5 bilhões do total de R$ 25,7 bilhões em concessões.

De maneira consolidada, os bancos conseguiram aumentar a margem das operações de crédito. O resultado bruto da intermediação financeira cresceu 22,4% quando se compara semestre contra semestre, enquanto o saldo da carteira cresceu 20,6%. A explicação é que o semestre também mostrou uma sensível melhora nas despesas com provisão para devedores duvidosos, com queda de 10,8%, no consolidado.

A única exceção foi a Caixa, que viu uma elevação dessas despesas com provisões em 25% nos primeiros seis meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, a alta foi de 69%, pulando de R$ 718 milhões para R$ 1,212 bilhão. As despesas só não foram maiores por conta de uma reversão de R$ 537 milhões feita no trimestre, de acordo com nota explicativa do balanço da instituição. A Caixa também teve um avanço modesto de apenas 3,7% no resultado da intermediação financeira, na comparação do primeiro semestre deste ano com igual período de 2009.

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