
Pesquisa apontou que 87% das mulheres bancárias da região possuem qualificação acadêmica, mas ainda ganham menos que os homens
“Discriminação de gênero ainda é vista no mercado financeiro”. A fala do presidente do SindBan (Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região), José Antonio Fernandes Paiva, aponta o resultado da pesquisa ‘Perfil Bancário 2017’. Realizada entre novembro e dezembro de 2016, a pesquisa entrevistou 1343 bancários, de 19 cidades da base sindical.
Representando 56% da categoria, 752 mulheres foram entrevistadas. Entre elas, 320 são de bancos públicos, o que representa 42,55% e 432 são de bancos privados, 57,45%. Com 23 questionamentos, o Perfil Bancário englobou desde orientação sexual até assédio moral. Das entrevistadas, 97,47% se declararam heterossexual e 58,24% casadas.
Para a vice-presidente do SindBan e coordenadora da Semana da Mulher Bancária, AngelaSavian, a discriminação de gênero começa a ser notada com os dados das funções. “Vemos um número maior de mulheres nos cargos de menor hierarquia, já nos cargos superiores, como comissionado, gerente de relacionamento e gerente geral, vemos que os cargos são preenchidos na sua maioria por homens”, explicou.
Segundo a pesquisa, os cargos de gerente geral são compostos por 8,80% de homens, enquanto as mulheres ficam com 4,65% dos cargos. Ou seja, 89% dos cargos possuem representantes masculinos. No quesito salário, as mulheres continuam em desvantagem. Assim como na função, a faixa salarial mais baixa é composta por maioria mulheres e a mais alta por homens. Na faixa salarial de R$ 8.880,00 a R$ 11.440,00, há 53,2% a mais de homens do que mulheres. Já nos salários ainda maiores, acima de 14.960,00, a diferença pula para 140%.
“Se já nos preocupávamos com a concentração dos principais cargos de chefia e direção nas mãos de homens, nos chamou mais atenção ainda quando analisamos a remuneração dos homens e mulheres. Como o índice de representatividade nos cargos é menor do que a diferença de salários, chegamos a conclusão de que mesmo nos mesmos cargos, as mulheres ganham menos que os homens”, defendeu Paiva.
Um dos dados mais preocupantes da pesquisa, segundo Angela, foi o número de mulheres negras na categoria bancária: apenas 1,60% das 752 mulheres entrevistadas. Ou seja, nas 142 agências bancárias da base sindical, há 12 mulheres negras. “Os bancos dizem ter um programa de incentivo para essa categoria, mas sabemos que os negros que estão no sistema financeiro, estão alocados no departamento administrativo, onde não aparecem”, comentou o diretor do SindBan, Marcelo Abrahão. Recentemente, o SindBan, que está em processo eleitoral, aprovou como critério para composição de chapa a cota para negros.
Além da cota para negros, também foi aprovado um número mínimo de pessoas com deficiência para representar a diretoria do Sindicato. “Acrescentamos mais um questionamento no Perfil esse ano, o número de PCDs nas agências bancárias. Com a criação da secretaria De Assuntos das Pessoas com Deficiência, o SindBan se tornou pioneiro com o projeto ‘Bancário Eficiente’, que realizou um mapeamento inédito da falta de acessibilidade das agências bancárias de Piracicaba”, explicou Paiva.
Segundo a pesquisa, 2,39% das mulheres se declaram deficientes. Para a diretora e secretária De Assuntos de Pessoas com Deficiência do SindBan, Letícia Françoso, o número ficou muito abaixo do que o necessário. “Os bancos contratam as pessoas com deficiência apenas para cumprir uma cota exigida por Lei, não contratam pela capacidade profissional. O resultado do Perfil mostrou o quanto é importante trabalharmos a inclusão no sistema bancário”, explicou.
Outro ponto abordado pela pesquisa foi o número de mulheres que se sentiram assediadas moral e sexualmente dentro do ambiente de trabalho. Foi registrado um número menor nos dois quesitos, em relação aos anos anteriores. Mas, para Paiva, o número ainda é alarmante. “19% das mulheres sentiram se assediadas no ano de 2017. Esse ainda é um número preocupante. Registramos uma diminuição nos casos, por conta de todo o trabalho de denúncia e conscientização do Sindicato, mas ele ainda é grande”, explicou.
Apesar do número de mulheres que se sentiram assediadas ter diminuído, a porcentagem das que se sentiram discriminadas racialmente e por gênero aumentou. Em 2017, 1,86% da categoria declarou ter sido discriminada racialmente e 3,46% sexualmente. “A partir do momento que você empodera a mulher e a conscientiza da importância da denúncia elas ganham poder, e o poder faz com que a discriminação por gênero aumente dentro das agências. Todos esses dados mostram a importância de continuarmos na luta pelas mulheres bancárias”, comentou a vice-presidente do SindBan, AngelaSavian.
Fonte: Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região
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