
Durante o Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Mercantil do Brasil (BMB), realizado na última quarta-feira (4) bancários definiram a minuta de reivindicações. As demandas estão relacionadas a questões básicas de proteção, como instalação de painéis de acrílico nas agências para preservar bancárias e bancários do contágio da Covid-19, maior valorização das mulheres na carreira, manutenção do emprego e pagamento mínimo no programa próprio de PLR.
De acordo com representantes da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Banco Mercantil do Brasil, o encontro foi representativo e deu espaço para importantes pautas serem tratadas como denúncias de assédio moral, cobrança de metas abusivas, saúde do trabalhador, entre outras.
Balanço
A economista Vivian Machado, técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), abriu o encontro com uma apresentação do balanço do banco. Na ocasião foi apresentado o balanço do primeiro trimestre de 2021, no qual o Mercantil destacou alta de 6% nos ativos do banco de março do ano passado ao mesmo mês deste ano, que atingiu R$ 10,7 bilhões. A carteira de crédito cresceu 34% no mesmo período e chegou a R$ 6,8 bilhões.
O lucro foi de R$ 51 milhões, uma alta de 10% em 12 meses e 4% no trimestre. O Índice de Basileia foi de 16,8%. O Índice de Basileia é usado para indicar a proporção entre o dinheiro do banco e o dinheiro que ele deve para outras entidades e pessoas. Sendo assim, ele serve como um dado importante na análise da saúde financeira de uma instituição. “O banco está solvente, com condições de arcar com as obrigações e pagar os credores”, analisou Vivian Machado.
A técnica do Dieese também ressaltou que o Mercantil contratou mais homens do que mulheres em 2020. Foram 401 admissões de bancários e 320 de bancárias, números que minimizam a participação feminina no quadro de funcionários do banco. Outro alerta feito por Vivian Machado é a possibilidade de enxugamento de bancários no BMB diante da compra pelo banco da Domo Digital Tecnologia S.A. Ela lembrou que o Banco Santander também montou uma empresa de tecnologia da informação para transferir trabalhadores para essa empresa, que assim perderiam direitos trabalhistas conquistados pela categoria bancária. Com a compra da Domo, o BMB pode entrar na mesma direção. “Fiquem atentos a isso”, alertou a economista.
Saúde
O secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles, fez uma exposição dos impactos da covid-19 na categoria e as negociações feitas com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para preservar a saúde da categoria com protocolos de segurança e outras medidas para o enfrentamento da pandemia e suas sequelas. O secretário disse que o enfrentamento da Covid-19 pela categoria começou no início da pandemia, quando o Comando Nacional dos Bancários negociou com a Fenaban medidas de proteção e de prevenção. “Conseguimos mais de metade da categoria em home office, higienização, uso de máscara, afastamento de contaminados e até garantia do emprego por um período”, afirmou o secretário. Mauro Salles ressaltou ainda que as medidas preventivas têm que continuar porque a pandemia não terminou e os bancos começam a querem flexibilizar e chamar trabalhadores de volta ao presencial.
O secretário destacou também a luta pela inclusão da categoria bancária como prioridade na vacinação e a negociação com os bancos para um protocolo padrão de procedimentos para prevenção e enfrentamento da Covid-10. Outro destaque do secretário foi para as sequelas dos que adquiriram a Covid-19. “Estudos mostram que mesmo casos leves de Covid-19 há sequelas graves e menos graves. Causa no mínimo cansaço, sonolência, fadiga, problemas de memória, falta de ar, sem falar em problemas renais e cardíacos. Imagina um colega que teve Covid e tem sintomas de perda de memória. Já tivemos casos assim. Nossa categoria lida com isso, tem que estar ligada para dar respostas às exigências profissionais”, afirmou Mauro Salles. O secretário informou que foi feita uma parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) para uma pesquisa com bancários que apresentaram sequelas após o contágio.
Minuta
O Encontro Nacional dos Funcionários do Mercantil do Brasil aprovou uma minuta para negociar com o banco. Questões apresentadas por bancárias e bancários de todo o país forma incluídas na proposta. “A minuta de reivindicações foi construída ouvindo os anseios das trabalhadoras e trabalhadores do Mercantil do Brasil e será protocolada junto à direção do banco em tempo hábil. Desse modo, as mobilizações dos sindicatos serão intensificadas para que a empresa cumpra com seu dever com a prevenção da saúde e bem estar, diante aos esforços e dedicação de seus milhares de funcionários”, afirmou Marco Aurélio Alves, coordenador da COE do Banco Mercantil do Brasil.
Confira as propostas tiradas no Encontro Nacional dos Funcionários do Banco Mercantil do Brasil:
Testagem, quinzenal, de covid-19 em todas as agências;
Exigência de emissão de Comunicação de Acidente de trabalho (CAT) pelo próprio banco, entendendo que a covid é uma doença do trabalho;
Valorização das mulheres, pois foi observada a discrepância entre os cargos de chefia ocupado por homens
Manutenção do emprego no Mercantil do Brasil durante o período de pandemia de COVID19 e o fim das demissões e da rotatividade.
Contratação de mais funcionários por agência.
Reinvindicação de pagamento mínimo no programa próprio de PLR aos trabalhadores.
Pelo fim do assédio moral no Mercantil do Brasil. Muitos bancários estão pedindo demissão por conta do assédio moral e por conta das metas abusivas.
Negociação obrigatória com o COE o RETORNO SEGURO ao trabalho do pessoal (com comorbidade) que está afastado sem Home Office.
Padronização na instalação de acrílicos em todas as mesas de atendimento a clientes do Banco Mercantil do Brasil, no prazo máximo de dois meses após a solicitação por parte dos sindicatos.
Solicitar ao Banco que intervenha junto ao INSS que ocorra a ampliação do número de lotes enviados por semana, e não apenas às terças-feiras, como vem ocorrendo.
Proibir a redução do recebimento de PLR dos trabalhadores em decorrência do encerramento de contas nas agências.
Fim do ranking de comparação entre agências.
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