Novas tecnologias, Reforma Trabalhista, PDVE do Bradesco e conjuntura política deram sequência às discussões na Conferência Interestadual

13.07.2017

Após a exposição de Marina Silva, da UGT, sobre conjuntura global, a Professora Dra. Maria Alejandra Madi, economista da Unicamp apresentou o painel: “Tendências estruturais do sistema financeiro brasileiro e desafios conjunturais”, no qual falou também sobre o avanço da tecnologia 4.0 e seus impactos para os trabalhadores bancários e os números dos bancos diante […]

Após a exposição de Marina Silva, da UGT, sobre conjuntura global, a Professora Dra. Maria Alejandra Madi, economista da Unicamp apresentou o painel: “Tendências estruturais do sistema financeiro brasileiro e desafios conjunturais”, no qual falou também sobre o avanço da tecnologia 4.0 e seus impactos para os trabalhadores bancários e os números dos bancos diante deste avanço. “Robô consultor financeiro não é apenas uma hipótese, mas uma realidade”, afirmou a economista.

Maria Alejandra disse ainda que diante do crescimento das fintechs, a saída encontrada pelos bancos foi a de realizar parceria com estas empresas. Outro ponto importante é a captura de informações avançadas sobre os clientes (ou potenciais clientes) por meio de big data e redes sociais, dados que permitem o desenho e oferecimento de um modelo de negócios personalizado. A parceria crescente entre bancos e startups financeiras fica evidente a partir da criação de programas dentro dos bancos voltados para selecionar fintechs com foco na produção de soluções para o mercado financeiro, exemplo são os projetos InovaBra, do Bradesco, Cubo, do Itaú Unibanco e o Radar, do Santander. O Laboratório Avançado do Banco do Brasil (LABB), construido no Vale do Silício voltado para o desenvolvimento de uma cultura de empreendodorismo dentro do banco, demonstra o quanto o assunto é sério.

Dados como o investimento global em fintechs, na casa dos 73% entre 2010 e 2015, evidenciam o crescimento da digitalização no mercado financeiro. A economista destaca também que até 2016, 244 fintechs foram criadas somente no Brasil. Nubank, Controly e Neon estão entre as mais conhecidas.

Como conclusão, Maria Alejandra coloca que diante do avanço das novas tecnologias, que já vem revolucionando o emprego de forma geral e o emprego bancário mais especificamente, a tendência é de que a necessidade de redução de custos e com aumento da eficiência operacional, impacte ainda mais o trabalho bancário, aprofundando sua pulverização já em curso.

Na parte da tarde, realizou-se a votação e aprovação do regime interno da Conferência Interestadual da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) e na sequência, o Dr. Fernando Hirsch, do escritório LBS advogados apresentou o painel: Reforma Trabalhista.
Em sua apresentação, o advogado explicou o caminho da tramitação da reforma trabalhista nas duas casas (Câmara e Senado) e rebateu um dos principais argumentos favoráveis à aprovação da reforma: de que modernizaria a Consolidação das Leis do Trabalho, explicando que a apesar de criada 1943, a CLT passou pela Constituição Federal de 1988 e vem sendo constantemente modificada desde então. Hirsch também pontuou os principais eixos da Reforma Trabalhista desfavoráveis aos trabalhadores, tais como: enfraquecimento dos sindicatos, dificuldade de acesso ao judiciário, exclusão dos direitos da legislação trabalhista e dos direitos conquistados na jurisprudência, além da geração de trabalhos precários (jornada intermitente, teletrabalho, jornada parcial), ampliação da terceirização com novas modalidades de contratos entre pessoas jurídicas, o estabelecimento do negociado sobre o legislado, que pressupõe um falso equilíbrio entre as partes, entre outros aspectos importantes. “Não existe nenhum país onde a precarização das leis do trabalho gere empregos”, avaliou Hirsch.

Bradesco

O representante da Federação na COE Bradesco, Edilson Julian passou aos presentes os informes sobre o banco, atualizando sobre a incorporação de 20 agências de varejo e agências Bradesco Prime que ocorrerão até 20 de agosto: Marília (Ourinhos), Piracicaba (Santa Bárbara D’Oeste), Votuporanga, Jaú são algumas das cidades atingidas na base da Federação. Funcionários serão readequados dentro das próprias agências, com exceção dos gerentes gerais, que terão que ser realocados em outras unidades.

PDVE 
O Banco Bradesco anunciou nesta quinta-feira (13), a abertura do seu Programa de Demissão Voluntária Especial, cujo período para adesão vai do dia 17/07 até 31/08.

Exigências para aderir: estar aposentado junto ao INSS, por idade ou tempo de contribuição (integral ou proporcional) ou estar apto a requerer o benefício previdenciário da aposentadoria nas modalidades mencionadas, em conformidade com a lei vigente no momento da adesão ao PDVE 2017; possuir em seu cadastro de registro, 10 anos ou mais de trabalho na Organização Bradesco e cumulativamente pertencer ao quadro de empregados na data de adesão, de uma das empresas ligadas, departamentos ou suas extensões.

A Federação irá marcar reunião com o banco para que ele explique esse programa e também o fechamento das agências, entre outros assuntos.

Painel Conjuntura Política

O presidente da Federação, Davi Zaia abriu seu painel sobre conjuntura política fazendo um breve panorama sobre a situação dos partidos trabalhistas na Europa e sobre os fenômenos que elegeram Emmanuel Macron na França e Donald Trump nos Estados Unidos, dois outsiders políticos, evidenciando a ideia de que o modelo de política institucional, dos sindicatos, de organização do trabalho da forma estabelecida e conhecida “está em crise”.

Instabilidade política e julgamento de Temer

Sobre a instabilidade política que o país está vivendo e o momento de dúvida em relação ao possível afastamento do presidente Michel Temer por denuncias de corrupção passiva e abuso de poder econômico, que deverá ser julgado no Congresso Nacional na próxima semana, Davi Zaia analisa que é difícil passar o afastamento e que a tendência é por uma decisão que não gere maior instabilidade na política. Ressaltou sinais de recuperação da economia registrados neste ano como queda da inflação e da taxa de juros e também na taxa de desemprego, explicando sua crença de que no segundo semestre deste ano e até as eleições do ano que vem é possível que permaneça o clima de instabilidade. Há pouco a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) acaba de rejeitar o parecer que recomendava a continuidade da denúncia contra Temer por 40 votos a 25. A denúncia agora, segue para o plenário da Câmara, que deverá responder se aceita a denúncia ou se o Supremo Tribunal Federal deverá suspendê-la, só podendo voltar a julgá-lo após o final do mandato. 

Crise de representação e sindicatos

Zaia afirmou também que a perda da centralidade por categorias historicamente consideradas fortes, assim como ocorre com os partidos políticos é uma das principais características que ilustram essa crise.

“Nós teremos um desafio enorme nesse processo que é discutir nossa organização (sindical), considerando essas mudanças profundas que estão ocorrendo no mundo, impulsionadas pela tecnologia”, afirmou.

Para enfatizar a necessidade de reflexão e autocrítica do movimento, o presidente da Federação destacou a fala recente do Papa Francisco ao receber representantes do movimento sindical italiano, no qual afirmou, entre outras coisas, que “não se pode ter uma boa sociedade sem um bom sindicato” e também reproduziu a fala do pontífice onde afirma que dois importantes desafios dos sindicatos: A profecia e a inovação, a profecia, diz o Papa, “ é a vocação mais verdadeira do sindicato. é expressão do perfil profético da sociedade. No que diz respeito à inovação, Papa Francisco afirma que o desafio diz respeito proteger não apenas aqueles que se encontram empregados, mas também àqueles que estão à margem, “descartado ou excluído”.

“O capitalismo do nosso tempo não compreende o valor do sindicato, porque esqueceu a natureza social da economia. Este é um dos maiores pecados”, afirmou o pontífice.

Na sequência, após o debate sobre a conjuntura política, os delegados foram divididos em grupos, conforme os temas: Emprego e condições de trabalho, Novas tecnologias, Digitalização: banco do futuro, Terceirização e pejotização e impactos nos bancos e Custeio e organização sindical (tema que permeará todas as discussões) e iniciaram os debates para definição dos eixos prioritários que serão encaminhados à 19º Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada entre os dias 28 e 30, em São Paulo.


 

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