Após nove dias de greve, os bancários que compõem a base do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região aceitaram a proposta apresentada ontem pela Federação dos Bancos (Fenaban) ao Comando Nacional dos Bancários. O fim da greve foi votado em assembleia realizada na manhã de hoje (26), no Teatro São José, com a presença de 282 bancários (sendo 16% de representantes da CEF, 22% do BB e 62% de representantes de bancos privados). Esses bancários representaram os cerca de 2500 que compõem a base. Os bancos retomaram o atendimento as 12h de hoje.
A nova proposta apresentada ontem pela Fenaban eleva para 7,5% o índice de reajuste dos trabalhadores (aumento real de 2,02%); para 8,5% o aumento do piso salarial e dos auxílios-refeição e alimentação (ganho real de 2,95%); e para 10% no valor fixo da regra básica e no limite da parcela adicional da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
"No ano passado, foram necessários 21 dias de greve para arrancarmos 1,5% de aumento real. Neste ano, com uma paralisação ainda mais forte e unitária em todo o país, em oito dias os bancários conquistaram 2% de ganho real nos salários e 2,95% no piso, além de outros avanços importantes tanto econômicos quanto sociais e políticos", informa do presidente do Sindicato José Jaime Perim.
Pela nova proposta da Fenaban, as principais cláusulas econômicas da Convenção Coletiva dos Bancários, que está completando 20 anos em 2012, ficariam assim:
Cláusulas econômicas:
Reajuste – 7,5% (aumento real de 2,02% pelo INPC).
Piso – R$ 1.519 (reajuste de 8,5%, o que significa 2,95% de ganho real).
Piso de Caixa – R$ 2.056,89 (reajuste de 8,24%, o que representa 2,70% de aumento real), incluindo as verbas de caixa.
Auxílio-refeição – R$ 472,15 por mês (R$ 21,46 por dia), o que representa reajuste de 8,5%.
Cesta-alimentação e 13ª cesta-alimentação – R$ 367,90 (reajuste de 8,5%).
PLR – Regra básica: 90% do salário mais R$ 1.540 fixos (reajuste de 10%), com teto de R$ 8.414,34. Caso a distribuição do lucro líquido não atinja 5% com o pagamento da regra básica, os valores serão aumentados para 2,2 salários, com teto de R$ 18.511,54.
PLR adicional – 2% do lucro líquido distribuídos linearmente, com teto de R$ 3.080 (reajuste de 10%).
Antecipação da PLR – 54% do salário mais valor fixo de R$ 924,00, com teto de R$ 5.166,01 e parcela adicional de 2% do lucro líquido do primeiro semestre distribuído linearmente, com teto de R$ 1.540,00.
A antecipação da PLR será paga até dez dias após a assinatura da Convenção Coletiva e a segunda parte até 1º de março de 2013.
Avanços sociais
No tema saúde dos trabalhadores, a Fenaban aceitou a reivindicação de que os salários dos bancários afastados que aguardam perícia médica sejam mantidos pelos bancos até que seja regularizada a situação junto ao INSS. Há inúmeros casos em que o trabalhador recebe a alta programada do INSS, mas acaba sendo considerado inapto no exame de retorno ao trabalho realizado pelos bancos, ficando sem benefício do INSS e sem salário.
A Fenaban também assumiu o compromisso com a proposta do Comando de fazer um projeto-piloto para experimentar medidas defendidas pelos bancários e vigilantes para a melhoria da segurança nos bancos, como portas de segurança, biombos entre a fila e os caixas, e divisórias entre os caixas, inclusive os eletrônicos, dentre outras demandas. A Fenaban indicou as cidades de Recife, Olinda e Jaboatão para a realização do projeto-piloto, com participação e acompanhamento dos bancários nas etapas.
Os bancos aceitaram ainda a proposta do Comando de realizar um novo censo na categoria para verificar questões como gênero e raça, na perspectiva da igualdade de oportunidades, nos moldes do Mapa da Diversidade, feito em 2008.
Não desconto dos dias parados
Em relação aos dias de greve, a Fenaban propôs a manutenção da regra de compensação dos dias parados até 15 de dezembro deste ano, nos mesmos moldes da convenção coletiva do ano passado.
Orientação do Comando Nacional
O Comando Nacional, coordenado pela Contraf-CUT, avaliou que os avanços econômicos na nova proposta dos bancos só foram possíveis em consequência da força da greve nacional, iniciada no dia 18 de setembro, que nesta terça-feira fechou 9.551 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados em todo o país.
Os bancários garantem aumento real pelo nono ano consecutivo e nova valorização do piso, dando mais um passo firme na recomposição do poder de compra dos salários. A proposta também aumenta os vales refeição e a cesta alimentação acima do reajuste salarial, diante do impacto maior dos alimentos na inflação. Há também avanços sociais.
As reivindicações não atendidas serão objeto de discussões nas mesas temáticas de saúde do trabalhador, segurança bancária, igualdade de oportunidades e terceirização, bem como serão focadas nas negociações banco a banco sobre temas fundamentais como a geração de empregos, o fim da rotatividade e a melhoria das condições de trabalho.
Veja a proposta para as reivindicações específicas do BB e CEF:
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