Por Fabio Graner, Valor — Brasília
Funcionários da Caixa Econômica Federal ficaram com cerca de 8% da oferta inicial de ações
(IPO, na sigla em inglês) da Caixa Seguridade, apurou o Valor. Isso significa um montante da
ordem de R$ 400 milhões dos cerca de R$ 5 bilhões oferecidos ao público nessa operação,
cujo resultado final deverá ser conhecido nesta quinta-feira.
O volume recebido pelos funcionários ficou um pouco abaixo do que estava reservado, mas,
segundo uma fonte, isso não foi um problema porque houve grande demanda no varejo e
esses papéis puderam ser direcionados para atender esse grupo mais amplo, cuja demanda
superou a oferta. Diante disso, os compradores do varejo terão que aceitar um rateio da ordem
de 50% em relação ao reservado.
Os funcionários da Caixa tiveram incentivo para adquirir as ações, podendo usar antecipação
de salário ou venda de licença-prêmio. O uso desses mecanismos, no entanto, ficou limitado e
representou cerca de R$ 40 milhões, ou seja, em torno de 10% do total a ser adquirido por
essa categoria.
Interlocutores a par do assunto ouvidos pelo Valor rebatem as acusações de que houve
constrangimento ou coação a funcionários do banco estatal para que estes adquirissem os
papéis e também ofertassem o produto para os clientes, mesmo aqueles que não teriam perfil
de risco.
A leitura dessas fontes é que a reserva para funcionários é um benefício que ocorreu com
outros IPOs, como da BB Seguridade, e não tem nada de anormal e que se os servidores não
adquirissem não haveria qualquer dano a operação, com forte demanda fora da empresa. E,
sobre as metas de vendas, os objetivos traçados seguiram padrões normais da empresa, e
não haveria nenhuma possibilidade de se oferecer para quem não tem perfil de risco adequado
porque o sistema do banco não permitiria esse tipo de situação.
O sindicato dos bancários, em parceria com a Fenae (uma espécie de sindicato dos
funcionários da Caixa), entrou recentemente com representação contra o presidente do banco
federal, Pedro Guimarães, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O objetivo da ação, que
aponta violação de duas resoluções da autarquia, é suspender o processo, o que até agora
não ocorreu.
Para algumas fontes, a falta de uma decisão cautelar da CVM seria indicativo de que ela não
estaria vendo muito fundamento na denúncia. Esses interlocutores afirmam que o movimento
da Fenae e do sindicato dos bancários teria natureza política, para atacar o atual comando da
empresa.
Funcionários da empresa fizeram uma paralisação, mas fontes do banco afirmam que o
movimento teria sido fraco, sem repercussão relevante no atendimento e nos processos de
pagamento do auxílio emergencial para a população e outros benefícios sociais do banco.
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