Transações com dispositivos móveis crescem velozmente

07.11.2012

O uso intenso de dispositivos móveis (celular e tablet) para consultas a saldos, transferências e pagamentos sinaliza mais uma mudança no perfil do sistema financeiro, maior que a provocada quando surgiu o denominado Internet Banking, e-Banking ou Banco On Line. Segundo matéria publicada na edição nº 786 da revista Istoé Dinheiro, no dia 5 de […]

O uso intenso de dispositivos móveis (celular e tablet) para consultas a saldos, transferências e pagamentos sinaliza mais uma mudança no perfil do sistema financeiro, maior que a provocada quando surgiu o denominado Internet Banking, e-Banking ou Banco On Line. Segundo matéria publicada na edição nº 786 da revista Istoé Dinheiro, no dia 5 de outubro último (uma sexta-feira normal), 1,7 milhão de clientes do Bradesco haviam acessado suas contas por meio de dispositivos móveis. Um recorde, segundo o diretor de Estratégia Tecnológica do Bradesco, Cândido Leonelli.


No Itaú não é diferente. Segundo a citada revista, entre 2008 e final de 2011, 1,1 milhão de clientes haviam baixado os aplicativos para seus aparelhos. Nos nove primeiros meses deste foram 2,2 milhões de downloads. Os Bancos calculam que foram realizadas 40 milhões de transações via dispositivos móveis em 2011 e projetam superar a marca de 100 milhões neste ano de 2012.

Um dos vetores para justificar o crescimento exponencial “é o aumento da participação de smartphones no universo de 258 milhões de celulares ativos no País”, observa a citada revista. Dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) apontam que o “número de contas-correntes que realizavam transações por meio de celulares avançou de 1,1 milhão em 2009 para 3,3 milhões em 2011”.

BC quer regulamentar

Durante o 4º Seminário de Inclusão Financeira, realizado na semana passada em Porto Alegre, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, segundo o jornal Folha de S. Paulo, edição do último dia 30, “defendeu que o maior acesso de pessoas que hoje estão fora do sistema financeiro é um instrumento importante para a atuação do BC e o controle da inflação” e anunciou o Sistema de Pagamento Móvel. Com a regulamentação desse serviço de pagamentos via celular (no momento, em discussão na Casa Civil), o governo objetiva avançar na regulamentação de outras áreas (indústria de cartões de crédito, empresas prestadoras de serviços que se responsabilizam pelos pagamentos de compras na internet) que hoje fogem ao controle do BC, observa o citado jornal. Tudo em nome da redução dos custos das transações financeiras, diz o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

Sindicato quer debater

Para o presidente do Sindicato dos Bancários de Campinas e Região, Jeferson Boava, as novas tecnologias sem dúvida representam um avanço e surgiram para facilitar a vida das pessoas. “Vivemos a era do cidadão plugado, conectado na rede mundial através de vários dispositivos; entre eles, os móveis. Hoje os dados são armazenados em ‘nuvens’. O movimento sindical bancário, claro, não tem saudade do ‘tempo da pedra lascada’, do telex, do fax, mas quer participar desse debate, que deve ser aberto à sociedade como um todo. Governo e Bancos dizem que os maiores beneficiados são os cidadãos. Até agora a chamada inclusão social caminha timidamente, a inclusão digital tem um custo caro para a sociedade (veja os preços de smartphone e tablet) e a inclusão das pessoas menos favorecidas no sistema financeiro gerou a figura do ‘cliente de segunda linha’, expulsos das agências e orientados a procurar os correspondentes bancários. Ontem e hoje, com a inclusão financeira denominada bancarização, apenas os Bancos ganharam e ganham dinheiro (com o trabalhador exercendo a função de bancário sem ter os meus direitos da categoria) e o próprio governo com sua propaganda para angariar prestígios, mostrar sua preocupação pelo ‘social’. Agora, surge a inclusão financeira via dispositivos móveis. De novo, a ‘preocupação’ anunciada é com o bem-estar da sociedade. Defendemos as novas tecnologias, porém é preciso questionar essa realidade colocada, entender seus objetivos e propor mudanças que atendam a todos os segmentos. Ou seja, dividir o bolo em partes iguais. Sem essa opção, podemos avançar em tecnologia, mas retrocedemos em qualidade de vida; a exclusão social permanece, as pessoas ou grupos desfavorecidos continuarão à margem da sociedade, sem usufruírem daquilo que, inicialmente, foi pensado, inventado, criado para todos”.

Fonte: SEEB Campinas

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