A mulher e o desafio da igualdade de gênero nas relações de trabalho

08.03.2016

A igualdade de gênero vem sendo debatida com frequência cada vez maior e é o grande desafio não apenas das mulheres, mas da sociedade como um todo 08 de março é dia de saudar a garra e a coragem da mulher no mundo inteiro e as brasileiras não ficam para trás. Sempre dispostas a lutarem […]

A igualdade de gênero vem sendo debatida com frequência cada vez maior e é o grande desafio não apenas das mulheres, mas da sociedade como um todo

08 de março é dia de saudar a garra e a coragem da mulher no mundo inteiro e as brasileiras não ficam para trás. Sempre dispostas a lutarem pelos seus direitos, elas têm pautado inúmeros debates sobre a questão da igualdade gênero no país, buscando corrigir as distorções de uma sociedade ainda essencialmente machista, parada no tempo, incapaz de perceber que determinadas posturas em relação à mulher não se justificam e que a equalização significa não apenas justiça e equilíbrio, mas também um maior desenvolvimento econômico e social.

Apesar de ocupar espaços cada vez mais relevantes na sociedade, tendo ultrapassado os homens em números, como maioria da população com nível superior e maioria do eleitorado, a participação das mulheres nas instâncias de poder e nos processo de tomada de decisão ainda está muito distante do ideal.

A inserção feminina no mercado de trabalho se dá de forma bastante desproporcional e o preço que pagam por exercer o direito de trabalhar acaba sendo bastante alto, levando-as a acumular dupla e até tripla jornada de trabalho, se considerarmos que ela ainda é responsabilizada integralmente pelo cuidado com a casa e com os filhos.

Dados do IBGE publicados no mês passado evidenciam que em 10 anos, a diferença entre o tempo dedicado em casa por homens e mulheres aumentou em mais uma hora. Em 2004, as mulheres trabalhavam quatro horas a mais que os homens por semana, somando a ocupação remunerada e o trabalho doméstico. Em 2014, esse número subiu para cinco horas, conforme dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).

A questão da equidade salarial tem sido um dos pontos de debate, embora existam muitos outros que as mulheres têm levado a sociedade a discutir, tais como: a necessidade do combate à violência contra a mulher, fator cujas estatísticas, infelizmente ainda produzem dados alarmantes – documento produzido pelo movimento Eles por Elas, da ONU, por exemplo, aponta que no mundo inteiro quase 1/3 de todas as mulheres já sofreram algum tipo de violência causada por parceiro intimo – além de temas, como assédio moral e sexual, abordagens sexistas no cotidiano e na publicidade, entre outros.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, dados do relatório da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado ano passado, situou o Brasil como país com maior diferença salarial, entre gêneros, dentre os 46 pesquisados (34 membros da organização e 12 parceiros). O levantamento apontou que o salário médio de uma mulher brasileira com ensino superior corresponde a 62% do de um homem com a mesma escolaridade.
Apesar de um cenário nada alentador, em que o prognóstico do Relatório Global de Equidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial, divulgado no ano passado, afirma que a igualdade de gênero levará 80 anos para se tornar uma realidade, precisamos continuar lutando por esta causa e como o próprio movimento Eles por Elas, evidencia, para avançarmos na questão é preciso, entre outras coisas, que os homens também se engajem nessa luta, desempenhando papeis e responsabilidades mais representativos em torno desse objetivo, a fim de que possamos todos usufruir dos benefícios de uma sociedade mais igualitária, justa e equilibrada.

Além disso, é preciso também que as organizações se deem conta de que é preciso criar um ambiente para que distorções de gênero sejam corrigidas, oxigenando a cultura organizacional, identificando e combatendo preconceitos e, sobretudo, criando oportunidades para que as mulheres possam se destacar, ocupando mais cargos diretivos e nos conselhos administrativos das empresas, colaborando assim, para o enriquecimento dos projetos e das companhias, já que contarão com maior pluralidade de visões, o que favorece suas estratégias.

Especialistas defendem ainda, que um importante passo para a equidade de gênero seria a equiparação da licença-paternidade, atualmente fixada por lei em cinco dias, à licença-maternidade, cujo período é de 120 dias, ou pelo menos a ampliação significativa do prazo da primeira, como no caso do PL 879/2011, que prevê sua extensão para 30 dias, ou ainda, adotando a licença parental, vigente em outros países, no qual é possível, depois de gozado os períodos obrigatórios de cada um, que os pais dividam o restante do tempo da licença entre si, de acordo com as necessidades da família.

Ao falar de igualdade de gênero e de ganhos para a sociedade como um todo, isso inclui a ação de empresas obviamente, mas também dos governos e da chamada sociedade civil. Neste aspecto, destaco um importante passo na luta pela igualdade de gênero e valorização da mulher ocorrido ano passado: a união das centrais sindicais em torno da ratificação da Convenção 156 da OIT (Organização Internacional do Trabalho).

Ao assinar o documento, o governo compromete-se formalmente com a de implementação de políticas públicas que priorizem a igualdade de oportunidades e de tratamento para trabalhadores e trabalhadoras com responsabilidades familiares, desenvolvendo mecanismos a fim de evitar que tais responsabilidades recaiam exclusivamente sobre a mulher, o que sem dúvida trará avanços significativos nesta luta. Um importante passo das centrais que reivindicam que o Brasil se torne signatário da convenção, mas que depende também da disposição do governo em atendê-la.

O movimento sindical é um dos aliados da mulher pela conquista de espaço, de valorização, de melhores condições de trabalho e de justiça social e como não poderia deixar de ser, seguirá levantando debates e se mobilizando para que possamos avançar.

Aproveito a ocasião para parabenizar as mulheres de todo o país, em especial às bancárias de São Paulo e Mato Grosso do Sul: Parabéns e contem sempre conosco!

Davi Zaia – Presidente da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) e deputado estadual PPS-SP

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