Bancos abrem 9.048 vagas no primeiro semestre, mas rotatividade aumenta

08.10.2020

Os bancos que operam no Brasil criaram 9.048 novos postos de trabalho no primeiro semestre de 2010, quando admitiram 27.309 trabalhadores e desligaram 18.261. Foi um salto em relação ao mesmo período do ano passado, quando as instituições financeiras fecharam 2.224 empregos.   Mas a rotatividade aumentou no comparativo com o primeiro semestre de 2009, […]

Os bancos que operam no Brasil criaram 9.048 novos postos de trabalho no primeiro semestre de 2010, quando admitiram 27.309 trabalhadores e desligaram 18.261. Foi um salto em relação ao mesmo período do ano passado, quando as instituições financeiras fecharam 2.224 empregos.
 
Mas a rotatividade aumentou no comparativo com o primeiro semestre de 2009, período em que os bancos desligaram 15.459 trabalhadores e admitiram 13.235.
 
Os dados mostram que o sistema financeiro gerou apenas 0,61% do 1,47 milhão de novos postos de trabalho criados por toda a economia brasileira no primeiro semestre deste ano.
 
O crescimento da rotatividade também tem contribuído para a redução da massa salarial dos bancários. A remuneração média dos admitidos nos primeiros seis meses de 2010 foi 38,04% inferior à dos desligados (R$ 2.187,76 contra R$ 3.531,15). E as mulheres continuam recebendo salários inferiores aos dos homens nos bancos.
 
Esses são alguns dos principais resultados da sexta edição da Pesquisa de Emprego Bancário (PEB) realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). As duas entidades realizam esse levantamento desde o ano passado, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
 
Acesse pelo link abaixo a pesquisa completa:
 
“A geração de novos postos de trabalho no setor financeiro é uma ótima notícia para a categoria bancária, que tem na ampliação do emprego uma das principais bandeiras da Campanha Nacional 2010, que estamos iniciando”, avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. “Mas esse número ainda é insuficiente para melhorar as condições de trabalho dos bancários e a qualidade de atendimento dos clientes”, destaca.
 
“O que nos preocupa é que os bancos estão usando a alta rotatividade para reduzir custos, demitindo bancários com salários mais altos para substituí-los por trabalhadores com remuneração inferior. Isso é inadmissível se considerarmos que os bancos continuam aumentando sem parar a sua lucratividade e que apenas os cinco maiores bancos apresentaram lucro líquido de R$ 21,3 bilhões no primeiro semestre deste ano”, aponta Carlos Cordeiro.
 
Desligados se concentram na faixa de maior remuneração

 

A Região Sudeste apresentou o melhor desempenho, com a criação de 6.713 postos de trabalho, enquanto a Região Norte apresentou o menor resultado positivo (475), como mostra a tabela abaixo.

 

Admitidos, desligados, remuneração média, saldo de emprego e diferença da remuneração média por região do país Brasil – 1º Semestre de 2010
Região
Admitidos
Part. %
Rem. Média
(em R$)
Desligados
Part. %
Rem. Média
(em R$)
Saldo
Dif.% da
Rem. Média
Norte
814
2,98%
1.545,90
475
2,60%
2.645,66
339
-41,57%
Nordeste
2.033
7,44%
1.787,98
1.616
8,85%
3.059,48
417
-41,56%
Sudeste
19.265
70,54%
2.348,26
12.552
68,74%
3.673,10
6.713
-36,07%
Sul
3.498
12,81%
1.893,37
2.436
13,34%
3.487,63
1.062
-45,71%
Centro-Oeste
1.699
6,22%
1.759,85
1.182
6,47%
3.114,22
517
-43,49%
Total
27.309
100,00%
2.187,76
18.261
100,00%
3.531,15
9.048
-38,04%
Fonte: MTE/Caged. Elaboração: Dieese/ Subseção Contraf-CUT
 
 
A pesquisa Contraf-CUT/Dieese revela que o saldo positivo do emprego nos bancos está concentrado nas faixas salariais mais baixas, com predominância para o segmento entre 2 a 3 salários mínimos, que registrou a criação de 12.011 postos de trabalho. A partir daí, todas as faixas apresentam saldo negativo de emprego. 
 
Maioria entre admitidos, mulheres ganham menos
Na desagregação por gênero, a pesquisa Contraf-CUT/Dieese mostra que o saldo do emprego bancário no primeiro semestre de 2010 é favorável às mulheres. Dos 9.048 novos postos de trabalho, 4.895 foram ocupados por bancárias e 4.152 por bancários. Percentualmente, os homens representaram 50,02% das admissões e 52,07% dos desligamentos, enquanto a participação feminina correspondeu, respectivamente, a 49,98% das admissões e 47,93% dos desligamentos. Confira na tabela abaixo
 
 
Admitidos, desligados, remuneração média, saldo de emprego e diferença da remuneração média por sexo Brasil – 1º Semestre de 2010
Gênero
Admitidos
Part. %
Rem. Média
(em R$)
Desligados
Part. %
Rem. Média
(em R$)
Saldo
Dif.% da
Rem. Média
Homens
13.660
50,02%
2.574,23
9.508
52,07%
4.090,26
 4.152
-37,06%
Mulheres
13.649
49,98%
1.800,98
8.753
47,93%
2.923,82
 4.896
-38,40%
Total
27.309
100,00%
2.187,76
18.261
100,00%
3.531,15
 9.048
-38,04%
Fonte: MTE/Caged. Elaboração: Subseção Dieese/Contraf-CUT
                                                                                  
 
No entanto, a remuneração média das mulheres bancárias é inferior à dos homens, tanto nas admissões como nos desligamentos. As trabalhadoras desligadas saíram do banco com rendimento médio de R$ 2.923,82, valor 28,52% inferior ao auferido pelos homens, de R$ 4.090,26. Já a mão-de-obra feminina admitida entra no banco recebendo uma remuneração média de R$ 1.800,98, enquanto os admitidos do sexo masculino recebem o equivalente a R$ 2.574,23, correspondendo a uma diferença de 30,04%. Nas contratações realizadas no primeiro semestre de 2010 houve, portanto, aumento da distância entre salários médios masculinos e femininos.
 
Bancários reivindicam mais
contratações e garantia de emprego
 
O emprego é uma das prioridades da pauta de reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2010, que foi entregue para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no último dia 11. “Além de mais contratações, os trabalhadores reivindicam o fim das terceirizações e a ratificação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que dificulta as demissões imotivadas”, conclui Carlos Cordeiro.
 
 
 
Assessoria de Comunicação da Contraf/CUT
Jornalista Júnior Barreto
 

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