Agora o desafio é outro | Finanças | Valor Econômico
Bancos se recuperam e lucram 50% mais depois de um ano de pandemia. Agora o desafio é outro
Lucro de dez instituições cresceu 52,8% no primeiro trimestre, para R$ 38,6 bilhões
Por Álvaro Campos — De São Paulo
Os grandes bancos lidaram com a pandemia de coronavírus melhor do que se esperava quando a crise começou, em março de 2020. Um ano depois dos primeiros impactos nos
balanços, o lucro subiu fortemente – impulsionado pela queda nas provisões de crédito, é verdade -, mas a margem financeira começa a dar sinais de melhora.
Daqui para a frente, o maior desafio será recuperar as receitas de prestação de serviços, que já vinham pressionadas pelo aumento da concorrência e agora sentiram também o baque das
medidas de isolamento social.
Os dez maiores bancos do país em termos de carteira de crédito tiveram lucro líquido de R$ 38,6 bilhões no primeiro trimestre, alta de 52,8% quando comparado ao mesmo período do ano
passado. A carteira de crédito teve expansão de 8,9%, chegando a R$ 4,2 trilhões.
O levantamento feito pelo Valor contempla dados de Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Caixa, Bradesco, Santander, BNDES, Safra, BV, BTG e Banrisul.
A margem financeira também avançou, surpreendendo analistas, e as despesas cresceram bem abaixo da inflação, mostrando o empenho das instituições em controlar gastos num
há 2 horas.
“Sem dúvida o pior da crise ficou para trás. A inadimplência, mesmo com uma normalização ao longo deste ano, vai ficar muito abaixo do que se esperava”, afirma Thiago Batista, analista de
bancos do UBS BB. “A maior preocupação com a pandemia era sobre o impacto na saúde dos bancos, com a inadimplência e até mesmo em níveis de capital, e isso não se tornou
realidade”, acrescenta Eduardo Rosman, analista do BTG Pactual.
Principal componente do resultado, a margem financeira teve desempenho até um pouco melhor que o previsto. O indicador reflete sobretudo operações de crédito, mas também de
tesouraria, área que cresceu fortemente em bancos como Itaú e Bradesco.
Depois do impacto em 2020 com a queda das taxas de juros e o impacto de linhas emergenciais do governo, que têm spreads mais baixos, a margem financeira começa a se
recuperar. Esse movimento reflete tanto o novo ciclo de aumento da Selic, que deve se refletido à medida que novas operações forem contratadas, quanto a retomada de modalidades com
retornos maiores, como crédito pessoal, cheque especial, rotativo do cartão e operações para micro e pequenas empresas (PMEs). Com as incertezas associadas à pandemia mais
controlados agora, os bancos estão voltando a ampliar a oferta – e a perceber demanda – em linhas de perfil mais arriscado.
Da mesma forma, as instituições preveem melhora na receita com tarifas nos próximos meses, à medida que a economia se recuperar e for possível uma maior abertura dos
estabelecimentos, favorecendo o consumo.
Em teleconferência, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que algumas linhas de serviços, como seguros, cartões e fundos, devem se recuperar com a retomada da atividade.
Receitas com cobranças e arrecadações também devem ser favorecidas pela reabertura, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr. Porém, ao Valor, o executivo reconheceu que
as receitas de serviços também sofrem pressão estrutural, e o banco precisa encontrar outras fontes de recursos – como a criação de um marketplace. “É isso que estamos buscando como
caminho para substituir tarifas que você deixa de ter porque o cliente faz um Pix em vez de TED ou DOC”, disse Lazari.
Batista, do UBS, afirma que as fintechs são muito mais ameaça para os bancos em tarifas do que em crédito. Ainda assim, ele não prevê um “colapso” nos próximos anos. “Essas receitas
devem crescer abaixo da inflação, mas isso pode ser compensado com algumas economias de gastos. Se o Pix ganha tração e as pessoas começam a fazer menos operações com dinheiro,
os bancos terão despesas menores com numerário”, diz.
“A pandemia acelerou várias tendências e o open banking vai trazer transformações muito fortes, então o cenário para receita de tarifas ainda é desafiador para os bancos”, diz Rosman.
A agência de rating Moody’s aponta que, em um grupo de dez bancos de médio porte que acompanha, o custo de risco ainda sobe na comparação anual por causa da pandemia, e as
margens continuam pressionadas. Ainda assim, a perspectiva é de melhora da rentabilidade neste ano.
Para Rosman, por enquanto os balanços estão bem protegidos, mas a transformação digital é o que vai ditar quem serão os vencedores. “Quem conseguir capturar informações, entender
o que o cliente deseja e ter sucesso em mantê-lo dentro de casa vai ter vantagem competitiva”.
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