Caixa corta juros em linhas

04.12.2020

Por Filipe Pacheco e Carolina Mandl | Valor Econômico O recado do governo já foi dado. Depois do Banco do Brasil, ontem foi a vez de a Caixa Econômica Federal cortar os juros das operações de crédito. Com reduções de até 88% nas taxas, a Caixa mostrou aos concorrentes privados que quer expandir seus tentáculos […]

Por Filipe Pacheco e Carolina Mandl | Valor Econômico

O recado do governo já foi dado. Depois do Banco do Brasil, ontem foi a vez de a Caixa Econômica Federal cortar os juros das operações de crédito. Com reduções de até 88% nas taxas, a Caixa mostrou aos concorrentes privados que quer expandir seus tentáculos para além do crédito habitacional.

Batizado de "Caixa Melhor Crédito", o pacote tem cortes mais significativos de taxas nas linhas de cheque especial, cartão de crédito e capital de giro. São modalidades pouco expressivas hoje na carteira de crédito do banco. Do estoque de R$ 252,8 bilhões que a Caixa tinha em dezembro, 57% estavam alocados em financiamentos à habitação. O cartão de crédito somava apenas R$ 3,2 bilhões.

Com os cortes, a Caixa ampliou a projeção de crescimento da carteira de crédito do banco para este ano de 30% para 35%, alcançando R$ 340 bilhões em dezembro. O objetivo é ganhar fatias de mercado, saltando dos 12,6% para 14%. "Nossa intenção é ser o terceiro maior banco brasileiro em concessão de crédito. Hoje somos o quarto", afirma Jorge Hereda, presidente da Caixa, banco que fica atrás de Banco do Brasil, Itaú Unibanco e Bradesco no ranking de crédito.

É com mais correntistas que o banco pretende cobrir a redução dos ganhos com as operações de crédito. "Aumentando a base de clientes temos condições de manter o lucro", disse o executivo durante entrevista coletiva em São Paulo. "Temos margem e estamos dando parte dessa margem a nossos clientes", discursou Hereda.

Para compensar perdas que pode ter, o banco também deu início a um processo de revisão de sua estrutura de custos. O processamento das operações de cartão de crédito, por exemplo, deixarão de ser feitas fora do banco até o ano que vem, o que deve gerar economia.

Hereda diz não temer que a estratégia do banco piore a qualidade da carteira de crédito do banco. "A inadimplência está sob controle. Não vemos sinal de deterioração", afirmou o presidente da Caixa. Em dezembro, os pagamentos em atraso há mais de 90 dias representavam 2% da carteira do banco. Apesar de deixar clara a disputa por novos clientes, quando questionado, Hereda não informou quantos novos correntistas o banco pretende ganhar.

Depois de inicialmente negar a interferência do governo nos cortes, Hereda sinalizou que as discussões começaram fora do banco. "Já pensou se você fosse presidente e eu não dissesse que temos de caminhar de acordo com os interesses do país? O que não dá é fazer isso de forma irresponsável."

Para sustentar o novo programa, a Caixa informou que não precisará de mais capital neste ano. "Esse anúncio está dentro das perspectivas que tínhamos para o ano. Vale o que já tínhamos conversado com o Ministério da Fazenda. Não teremos de fazer novos aportes", disse Hereda. Novas capitalizações, porém, podem ser negociadas em 2013, quando as exigências de capital para os bancos no mundo todo se tornarão mais rígidas.

Apesar disso, o banco já tem no gatilho uma captação de recursos no exterior, que deve ficar entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, com vencimento em dez anos.

Desde que o Banco do Brasil anunciou o corte das taxas de juros dos empréstimos na quarta-feira, as ações dos bancos estão em queda na bolsa de valores. Até ontem, a instituição que apresentou o maior recuo foi o Banco do Brasil, com 7,21% acumulados, bastante acima da perda de 2,46% do Ibovespa no período.

"O que o governo está realmente tentando fazer por meio da Caixa é barulho e levar a indústria a discutir de uma forma estruturada a redução dos spreads no Brasil, mais do que uma iniciativa para arranhar a lucratividade", afirmou o Barclays em relatório.

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