Cautela com o excesso de burocracia sobre os bancos

18.12.2012

Não foi dos melhores o contato dos banqueiros com a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que representava a presidente da República, Dilma Rousseff, no jantar em que as instituições financeiras festejavam o seu Natal. A ministra-chefe da Casa Civil queixou-se de que os juros continuavam muito elevados e não caíram, apesar de todas as […]

Não foi dos melhores o contato dos banqueiros com a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que representava a presidente da República, Dilma Rousseff, no jantar em que as instituições financeiras festejavam o seu Natal. A ministra-chefe da Casa Civil queixou-se de que os juros continuavam muito elevados e não caíram, apesar de todas as medidas tomadas pelo governo.

Não transcorreu uma semana daquela reunião e já se está anunciando a criação, no Banco Central (BC), de um grupo de trabalho de 50 pessoas em torno de Anthero de Moraes Meirelles, diretor de Fiscalização do BC, que terá por missão tornar mais rigorosa a "supervisão de conduta" das instituições financeiras.

Não podemos esquecer que as instituições financeiras, que sofreram um forte baque com o Plano Real e, agora, com a redução da taxa Selic, num curto período, viram seus lucros caindo de uma maneira que não podiam imaginar. No momento, estão na véspera de um novo choque, com a implantação das normas de Basileia III, que o Brasil tem respeitado mais do que muitos países e bancos no mundo. Foi isso, aliás, que manteve o nosso sistema financeiro relativamente imune à forte crise que abalou os de outros países.

Não se nega a necessidade de controle do sistema financeiro, especialmente quando se trata de operações de lavagem de dinheiro ou de derivativos. No entanto, as intenções do governo e do Banco Central parecem ir mais longe, procurando favorecer a concorrência e aumentar a burocracia que afetará as instituições. Como ocorre na administração pública, os bancos terão seus gastos elevados com operações de eficácia duvidosa, justamente no momento em que deveriam reduzir mão de obra para compensar a queda das margens de lucros que atravessam.

Essa introdução de novas normas na vida dos bancos vai aumentar as possibilidades de corrupção e interromper o que nos parece justo: a continuidade da queda do custo do dinheiro. Esta, aliás, deve ser realizada com grande cuidado, para não aumentar a insolvência dos mutuários, o que um dia pode obrigar as autoridades a entrar numa nova onda de elevação da taxa básica de juros – esse certamente não é o objetivo delas nem convém à economia brasileira.

O Brasil é tido como exemplar no que se refere à solidez do seu sistema financeiro, e os acidentes que tivemos não chegaram a afetar os grandes bancos que souberam perfeitamente se manter no quadro de prudência próprio da função.

Fonte: O Estado de S.Paulo

Notícias Relacionadas

Negociação entre COE e Santander sobre renovação e ampliação do acordo aditivo

Representantes dos trabalhadores do Santander (COE) e a direção do banco estiveram reunidos nesta sexta-feira (26/07) para mais uma mesa de negociação no âmbito da Campanha Nacional. O representante do banco, Marcelo Souto, trouxe o retorno de questionamentos feitos na rodada anterior, mas as informações não foram completas, especialmente quanto ao número de trabalhadores bancários. “Ele […]

Leia mais

Negociações Caixa: Empregados exigem fim da cobrança abusiva de metas

Políticas de saúde do banco precisam ser efetivas para a melhoria do ambiente de trabalho A Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa Econômica Federal se reuniu, nesta sexta-feira (26) com o banco para tratar sobre os diversos problemas do dia a dia que afetam a saúde do trabalhador. Entre as considerações feitas pela CEE […]

Leia mais

Direitos dos incorporados, saúde mental e complementação salarial são tema abordados em mesa de negociação do BB

Saúde e condições de trabalho foram os temas centrais da quinta mesa de negociação específica para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do Banco do Brasil, dentro da Campanha Nacional A primeira reivindicação dos dirigentes sindicais, debatida com a direção do Banco do Brasil nessa sexta-feira (26/07), em São Paulo, foi a situação […]

Leia mais

Sindicatos filiados