O dia 28 de agosto é dia de cumprimentar o trabalhador bancário, um profissional dedicado, perseverante, ousado e, sobretudo, corajoso, um lutador incansável, com senso de justiça e que trabalha duro, muitas vezes submetido a condições de trabalho inadequadas.
Enfrenta pressões, metas altíssimas, é exposto à violência urbana, sujeito a jornadas extensas, pois os patrões são hábeis no desenvolvimento de “soluções” para ampliar a jornada de trabalho fixada em 6h, e adoece. No verão, são inúmeras as paralisações de agências por sindicatos, obrigados a intervirem para evitar que o bancário seja exposto também às altas temperaturas, quando ar-condicionados param de funcionar e a ventilação do local é insuficiente para garantir um ambiente saudável. O avanço tecnológico, que por um lado, representa um importante aliado para a sociedade, para estes trabalhadores tem se tornado fator de preocupação, diante de investimentos maciços que os empregadores têm feito, buscando maximizar lucros cortando postos de trabalhos.
Trabalham em um dos ramos mais estressantes. No entanto, formam uma das categorias mais organizadas do país. Não à toa, estiveram presentes em mobilizações históricas, participaram e participam ativamente de importantes momentos da história da democracia brasileira.
O dia da comemoração, 28 de agosto, nasceu de um destes momentos. Uma greve em 1951, convocada pelos bancários paulistas e motivada por uma negociação marcada pelo desrespeito e desvalorização do trabalhador bancário, que em resposta às suas reivindicações, recebeu uma contraproposta acintosa, que não apenas negava o atendimento de suas demandas, como ainda ameaçava cortar direitos. A greve se estendeu por 69 dias, os trabalhadores enfrentaram repressão por parte do governo, mas o episódio terminou, felizmente, com a vitória do movimento sindical bancário, que obteve um reajuste 31%.
Em 1985, o movimento bancário nacional deu novas demonstrações de sua capacidade de organização e mobilização. No dia 31 de agosto, após o encerramento do Encontro Nacional dos Bancários, no ginásio do Guarani Futebol Clube, em Campinas, 10 mil bancários saíram em passeata rumo ao Largo do Rosário, localizado no Centro da cidade. Neste encontro, que em breve vai completar 30 anos, aprovamos a greve nacional que parou o sistema financeiro nos dias 11 e 12 de setembro daquele ano.
De lá para cá, foram inúmeras as lutas travadas ano após ano, buscando tornar o exercício da função de bancário, que é de extrema relevância para a sociedade, cada vez mais um trabalho decente, no sentido de valorizar este profissional e eliminar ao máximo, os entraves que ainda fazem com que seja um trabalho precário em muitos aspectos.
Sinto um orgulho enorme da história do movimento sindical bancário e de ter participado de episódios importantíssimos, como o da greve 1985, entre tantas batalhas em prol da melhoria das condições de trabalho para a categoria bancária que tive a oportunidade de integrar nestes mais de 40 anos de ingresso no setor.
Apesar de enfrentar tantas adversidades, inclusive neste ano, marcado por uma crise econômica bastante séria, por ameaças de demissões e de redução de direitos, o trabalhador bancário se mantém firme e confiante, lutando até o último instante para fazer valerem seus direitos.
Por todos estes motivos e muitos outros que não foram abordados, além das reflexões necessárias, o dia 28 de agosto é um dia de muita comemoração.
Parabéns a todas as bancárias e bancários!
Davi Zaia – Presidente da Federação dos Bancários de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) e Deputado Estadual (PPS-SP).
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