Dirigentes sindicais recebem palestra sobre “Mulheres no Mercado de Trabalho”

15.03.2023

Atividade foi promovida pela Feeb SP/MS em razão do mês da Mulher A Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS) realizou nesta quarta-feira (15), um encontro entre dirigentes sindicais dos dois estados, que contou com a palestra “Mulheres no Mercado de Trabalho”. O tema foi apresentado pela […]

Atividade foi promovida pela Feeb SP/MS em razão do mês da Mulher

A Federação dos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (Feeb SP/MS) realizou nesta quarta-feira (15), um encontro entre dirigentes sindicais dos dois estados, que contou com a palestra “Mulheres no Mercado de Trabalho”. O tema foi apresentado pela economista Vivian Machado, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (DIEESE). Participaram representantes de diversas bases regionais.

A especialista apresentou dados relativos à inserção da mulher no mercado de trabalho e a mulher na categoria bancária. Dados do 3º trimestre de 2022 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, revelam que o Brasil contava com 89,6 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,9 milhões faziam parte da força de trabalho e outras 41,8 milhões estavam, portanto, fora da força de trabalho.

“Das 42,6 milhões de mulheres ocupadas, 22,3 são negras e 20,3 não negras. As mulheres negras também são a maioria na porcentagem de desocupação. De 5,3 milhões de mulheres desocupadas, 3,4 milhões são negras e 1,8 milhão não negras”, demonstra a especialista.

Outro dado que chamou a atenção foi com relação às taxas de subocupação e desocupação entre homens e mulheres.  Na subocupação, ou seja, ocupados que trabalham menos de 40 horas por semana e que gostariam de trabalhar mais, 7,8% são mulheres e 5,1% homens. Na taxa de desocupação, 11% são mulheres e 6,9% homens. As duas taxas também demonstram que mulheres negras e não negras são mais prejudicadas que os homens negros e não negros.

Com relação ao rendimento das mulheres, a pesquisa demonstrou que as mulheres seguem ganhando menos em todos os setores, mesmo que exerçam a mesma função. “O rendimento médio das mulheres ocupadas é 21% menor que dos homens. No Estado de São Paulo, a diferença sobe para 24% e, no Mato Grosso do Sul, para 27%.

Categoria Bancária

Na categoria bancária, a remuneração média das mulheres é 22,2% inferior a remuneração média dos bancários homens.  Já da mulher preta é ainda mais agravante, sendo em média 40,6% inferior a remuneração do trabalhador bancário branco.

Com relação aos cargos de liderança da categoria, 46% são ocupados por mulheres enquanto 54% são homens.

O levantamento também mostra desigualdade na área de Tecnologia da Informação (TI). Apesar do aumento de 70,4% de profissionais contratados pelos bancos, entre 2012 e 2021, a proporção de mulheres na área caiu de 31,9% para 24,9% no mesmo período.

Violência contra a Mulher

Dados sobre a violência contra a mulher também foram apresentados. A pesquisa mostrou que no 1º semestre de 2022, a cada 6 horas, uma mulher foi vítima de feminicídio no Brasil, o que representa alta de 10,8% em relação a 2019 e 3,2% em 12 meses.

A categoria associa a gravidade dos resultados à influência negativa do ex presidente Jair Bolsonaro. “Foram anos de desgoverno e de uma postura que incitou ódio e violência. Em um dos períodos mais críticos, que foi a pandemia, onde a mulher esteve mais suscetível às situações de abuso, os números foram ainda maiores. Nada foi feito para minimizar a situação, ao contrário, a postura misógina e machista do ex presidente só deu margem para mais violência contra a mulher”, destaca a especialista.

Confira aqui a Apresentação Mulheres no Mercado de Trabalho

Apesar das boas iniciativas conquistadas pela categoria com relação aos programas de prevenção ao combate a violência contra a mulher, a situação ainda preocupa. “Estamos no caminho, mas é preciso alavancar, a começar por melhorias no sistema protetivo; na redução das desigualdades; no aumento de contratação nos setores em que os homens são a maioria, como a área de TI, no caso dos bancos; e no geral, no aumento da segurança das mulheres”, destaca Vivian Machado.

“A luta pela igualdade é histórica, mas vemos que há muito mais pela frente. Temos um grande trabalho a ser feito a partir da obrigatoriedade dos salários iguais anunciada recentemente pelo novo governo. O papel dos sindicatos é fundamental e a nossa responsabilidade maior no sentido de fiscalizar e cobrar pelo resgate da equidade”, disse Ângela Savian, vice-presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região. O apelo da bancária é para que todos caminhem juntos. “Nosso apelo é para que homens e mulheres caminhem de mãos dadas para por fim à violência e à diferença salarial”, completa.

“A Federação dos Bancários segue à disposição das mulheres para promovermos cada vez mais debates e iniciativas que conduzam à igualdade de oportunidades e à redução da violência contra a mulher”, finaliza Reginaldo Breda, secretário geral da Feeb SP/MS.

Fenaban

A Federação Nacional dos Bancos anunciou ontem (14), a realização de um encontro, previsto para o dia 30 de março, entre representantes dos bancos, do movimento sindical e ONGs parceiras para implementar propostas contra o assédio. A agenda contará com apresentação de medidas para combater a diferença de oportunidade entre homens e mulheres. Na ocasião, três ONGs que atuam no sentido de ampliar a conscientização de combate à cultura de violência de gênero (Papo de Homem, Me Too Brasil e IMP Instituto Maria da Penha) demonstrarão seus planos de trabalho.

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