GENEBRA — As doenças profissionais continuam sendo as principais causas das mortes relacionadas ao trabalho. Segundo estimativas de relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgadas nesta terça-feira, de um total de 2,34 milhões de mortes relacionadas ao trabalho a cada ano, somente 321 mil se devem a acidentes. As outras 2,02 milhões de mortes são causadas por diversos tipos de enfermidades relacionadas à profissão, o que equivale a uma média diária de mais de 5,5 mil mortes.
As doenças profissionais são definidas pela organização como aquelas contraídas por meio da exposição a algum fator de risco relacionado ao trabalho. As mais comuns são a pneumoconiose, uma doença pulmonar causada pela inalação de poeiras; e distúrbios músculo-esqueléticos e mentais.
Segundo o estudo, cerca de 6,6 milhões de trabalhadores brasileiros estão expostos à poeira de sílica, principal componente da areia e relacionada ao desenvolvimento de tumores no pulmão. O OIT cita ainda que de 10 mil a 23 mil casos são registrados anualmente na China. Na Índia, cerca de 10 milhões de trabalhadores estão expostos a poeira de sílica em atividades de mineração, construção e indústrias.
Para o especialista em saúde e segurança no trabalho da Força Sindical, Rogério de Jesus Santos, a pneumoconiose é mais comum no Brasil em trabalhadores atividade de mineração, pedreiras e algumas indústrias.
— São funções relacionadas ao jateamento de areia. Equipamentos de segurança podem ajudar, mas é preciso reorganizar processo de trabalho, mudar técnicas — explica Santos, acrescentando que outras funções com exposição a minerais podem ser perigosas. — Existem outras matérias-primas cancerigenas, como caso do amianto, do mercúrio, do benzeno.
De acordo com a OIT, a ausência de uma prevenção adequada das enfermidades profissionais tem profundos efeitos negativos não somente nos trabalhadores e suas famílias, mas também na sociedade devido ao enorme custo gerado, particularmente no que diz respeito à perda de produtividade e a sobrecarga dos sistemas de seguridade social.
O estudo mostra que os acidentes e doenças relacionados ao trabalho resultam na perda anual de 4% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) no mundo, ou cerca de US$ 2,8 trilhões. O valor se refere ao custo direto e indireto dos acidentes e doenças.
Por isso, a estudo informou que implementa em países como Brasil, Chile, Índia, Indonésia, Malásia, Peru, Tailândia, Turquia e Vietnã uma série de treinamentos relacionados a radiografia de pneumoconiose para melhorar as técnicas de identificação mais precoce da doença.
A prevenção é mais eficaz e tem menos custo que o tratamento e a reabilitação. Todos os países podem tomar medidas concretas agora para melhorar sua capacidade de prevenção das enfermidades profissionais ou relacionadas com o trabalho.
Como acontece todos os anos, o Programa da OIT sobre Segurança e Saúde no Trabalho e Meio Ambiente elaborou um relatório que serve para aprofundar o tema. Este ano, o apelo dos governos é para que as organizações de empregadores e de trabalhadores colaborem no desenvolvimento e na implantação políticas e estratégias nacionais destinadas a prevenir as enfermidades profissionais.
Números da pesquisa
Segurança e Saúde no Trabalho
2,02 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com o trabalho.
321 mil pessoas morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho.
160 milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho.
317 milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem a cada ano.Isto significa que:
A cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças relacionadas com o trabalho.
A cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente laboral.
Fonte: O Globo
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