A greve dos bancários entra nesta quinta-feira (8) em seu terceiro dia e atingiu 8.763 agências e centros administrativos de bancos públicos e privados de todo o país ontem (quarta), segundo informa a Contraf-CUT.
Se considerado o dado divulgado pela entidade na terça, o número representa aumento de 40% em relação à primeiro dia de movimento (6.251 agências). O Brasil tem 23.110 agências de acordo com o Banco Central.
A paralisação ocorre em 26 Estados e no Distrito Federal para pedir reajuste de salarial de 16%. Os bancos ofereceram 5,5% de reajuste com R$ 2.500 de abono fixo, mas a proposta foi rejeitada.
A Fenaban, federação que representa os bancos, não divulga o nível de adesão nem atividades afetadas pela greve.
Em São Paulo, o sindicato informa ter paralisado 616 locais, sendo 23 centros administrativos e 593 agências. Na terça pararam 18 centros e 582 agências.
A adesão passou de 38 mil funcionários para 50 mil, segundo informou o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região.
ESTRATÉGIA
A estratégia definida para o movimento grevista deste ano —de atingir os centros administrativos dos bancos e não somente agências— foi mantida e ampliada.
No segundo dia de greve, além de operações de câmbio, arrecadação e foram paralisados prédios onde funcionam call centers de alguns bancos, como o Santander. O banco não comenta.
São 500 mil bancários em campanha salarial no país, sendo 142 mil representados pelo sindicato de São Paulo.
Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT, diz que os bancários querem manter "o modelo de negociação que deu certo nos últimos onze anos, que é a reposição da inflação, mais ganho real".
A proposta de reajuste feita pelos bancos é de 5,5% de reajuste, enquanto a inflação acumulada em 12 meses encerrados em é de 9,885 (INPC)
"Os banqueiros querem voltar a um desenho com um índice menor que a inflação mais um abono. Esse formato, que traz redução de salário, foi derrotado nos anos 90. Isso é um retrocesso que não vamos admitir", disse o presidente da confederação.
Em nota enviada na ocasião da aprovação da greve, na semana passada, a Fenaban (Federação Nacional de Bancos) informou que a proposta feita "visa compensar perdas decorrentes da inflação passada, sem contaminar os índices futuros, o que iria contra os esforços do governo para reequilibrar os fundamentos macroeconômicos".
Destaca ainda que a proposta da federação mantém o poder de compra médio da categoria nos últimos doze meses e que, desde 2004, houve um processo de aumento real dos salários dos bancários sem interrupção.
"O reajuste de 5,5% está em linha com a expectativa de inflação para os próximos 12 meses. Índices acima das expectativas de inflação podem contribuir para maior dificuldade na queda dos índices inflacionários", informa a nota.
Além do reajuste salarial, os bancários receberiam participação de 5% a 15% dos lucros dos bancos. De acordo com os bancos, essa fórmula de distribuição do lucro, aplicada, por exemplo, ao salário de um caixa bancário, de R$ 2.560,00, pode garantir o equivalente a até quatro salários.
Os bancos ofereceriam ainda um abono de R$ 2,5 mil que seria distribuído igualmente para toda a categoria dos bancários sem ser incorporado aos salários.
GREVES ANTERIORES
No ano passado, os bancários receberam aumento real (acima da inflação) de 2,02%, após uma greve de cinco dias.
A categoria recebeu aumento real de 20,07% no período entre 2004 e 2014.
A paralisação mais longa foi em 2004, quando a categoria parou por 30 dias.
AS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS
> Reajuste Salarial de 16%, sendo 5,7% de aumento real, com inflação de 9,88% (INPC)
> Participação nos Lucros e Resultados no valor de três salários mais R$ 7.246,82 fixos
>Piso de acordo com salário mínimo do Dieese, de R$ 3.299,66
>Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá no valor do salário mínimo nacional (R$ 788);
>14º salário
>Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e à precarização das condições de trabalho
>Mais segurança nas agências bancárias
Fonte: Folha de São Paulo
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