Pesquisa do Sindicato de Piracicaba revela que situação do bancário negro em 2015 ainda é bastante preocupante

19.05.2015

De acordo com o resultado da pesquisa, negros ainda são minoria nas agências da região de Piracicaba O Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) apresentou na última quarta-feira (13), dia em que é lembrada a Abolição da Escravatura no Brasil, em sua sede, os dados do Perfil do Bancário Negro 2015. A pesquisa […]

De acordo com o resultado da pesquisa, negros ainda são minoria nas agências da região de Piracicaba

O Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (SindBan) apresentou na última quarta-feira (13), dia em que é lembrada a Abolição da Escravatura no Brasil, em sua sede, os dados do Perfil do Bancário Negro 2015. A pesquisa constatou que os negros ainda são minoria nas agências da região e, na avaliação do presidente da entidade e vice-presidente da FEEB-SP/MS, vereador José Antonio Fernandes Paiva, é necessário lutar pela igualdade de oportunidades no sistema financeiro.

 A pesquisa foi realizada entre 19 de janeiro e 2 de fevereiro, com 1435 bancários de Águas de São Pedro, Anhembi, Bofete, Capivari, Cerquilho, Charqueada, Conchas, Jumirim, Laranjal Paulista, Pardinho, Pereiras, Piracicaba, Porangaba, Rafard, Rio das Pedras, Saltinho, Santa Bárbara do Oeste, Santa Maria da Serra, São Pedro e Tietê. Do total de entrevistados, apenas 1,74% consideraram-se negros.

 Outro dado revelado pelo perfil, é que os negros não ocupam os altos cargos. Enquanto os “não negros” representam 5,23% no cargo de gerente geral, 0,07% dos negros ocupam esse cargo.

A pesquisa também mostra que os bancários que se autodeclararam negros sofreram discriminação e assédio. Do total de negros, 8% disseram que foram discriminados no banco atual e 12%, disseram que foram assediados nos últimos 12 anos.

Paiva se diz preocupado com o resultado. “O sindicato tem como um de seus princípios promover a igualdade de gêneros, raças e orientação sexual. Apesar dos resultados positivos de nossas ações em favor do trabalhador negro, não podemos negar esses contrastes ainda existentes, que vão além do sistema financeiro. Nossa luta continuará para que esse abismo diminua dentro dos bancos e na sociedade.”

Segundo a vice-presidente do SindBan, Angela Ulices Savian, o trabalho confirma que, a cada ano, o sistema financeiro é branco e preconceituoso. “O índice de negros nas agências da região de Piracicaba, como também no Brasil, é baixíssimo. Já foram feitos dois Censos da Diversidade pelo próprio sistema financeiro, que comprovaram esses números. Precisamos continuar com a luta, trabalhar essa questão para que o acesso do negro seja em vias normais como é a do branco”, diz Angela, também representante da entidade na Comissão Nacional de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) da Contraf-CUT.
Para Marcelo Abrahão, vice-presidente Regional Bairros e representante do Coletivo de Combate ao Racismo- CUT Subsede Campinas, o SindBan é inovador ao expor essa realidade. “O Sindicato dos Bancários não tem receio de encarar os problemas existentes e sempre procura soluções para resolvê-los. O Perfil Bancário é um dos instrumentos para que essa desigualdade seja exposta e amenizada.”

O Negro no Mercado de Trabalho – A apresentação do Perfil contou com a participação do historiador, professor e pesquisador Ramatis Jacino, que lançou o livro Transição e Exclusão – O negro no mercado de trabalho em São Paulo pós-abolição – 1912-1920.

A obra busca compreender as razões e os mecanismos dessa exclusão, constatando que houve uma opção por “branquear” o mercado de trabalho por parte das elites, negando ao homem e a mulher negra ocupações valorizadas socialmente e melhor remuneradas, privilegiando os imigrantes europeus.

Sobre o sistema financeiro, o historiador pontuou duas razões para a divulgação do perfil. “Primeiro, mostra um pouco como as pessoas se veem. Suponho que a quantidade de negros seja maior, mas as pessoas não se assumem como tal. E, segundo e principal ponto, é expor para a sociedade que o setor patronal, os banqueiros, ainda resiste a contratar profissionais negros. O setor bancário é considerado a elite dos trabalhadores e acaba privilegiando pessoas de cor branca. A mudança desse cenário é lenta e depende muito da luta da categoria, dos sindicatos e dos movimentos sociais.”

Na composição da mesa – Angela Ulices Savian (Representante do CGROS – Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual da Contraf-CUT); professor e historiador Ramatis Jacino, Presidente do SindBan e vice-presidente da FEEB-SP/MS, José Antonio Fernandes Paiva, Marcelo Abrahão (vice-presidente Regional Bairros e representante do Coletivo de Combate ao Racismo- CUT Subsede Campinas), Adilson Abreu (Conepir – Conselho da Comunidade Negra de Piracicaba) e Eliana Penha (Secretaria de Igualdade Racial do PT).
 

Fonte: Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região
  

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